O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, afirmou que recusa participar na “novela” Alex Saab. Isto porque, defendeu, a decisão sobre a extradição do empresário colombiano para os Estados Unidos da América (EUA) compete apenas à Justiça.
O governante disse em entrevista que “o Governo e os tribunais de Cabo Verde não são pressionáveis”. Recorde-se que o país está no centro de uma disputa internacional entre os EUA e a Venezuela.
Para Correia e Silva, o caso já está a transformar-se numa novela feita pela comunicação social. Como tal, sublinhou, o Governo que representa não quer entrar nesse elenco.
O protagonista é então Saab, de 48 anos, que foi detido a 12 de junho pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal. Tal ocorreu com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, que o consideram um testa de ferro do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Os EUA acusam Alex Saab de ter branqueado 350 milhões de dólares (296 milhões de euros) para pagar actos de corrupção de Maduro, através do sistema financeiro norte-americano. Já a defesa do empresário refere que o visado viajava com passaporte diplomático, enquanto “enviado especial” do Governo da Venezuela, e que a detenção foi então ilegal.
Entretanto, o Tribunal da Relação do Barlavento, na ilha de São Vicente, a quem competia a decisão de extradição formalmente requerida pelos EUA, aprovou esse pedido no dia 31 de julho. No entanto, a defesa de Saab recorreu para o Supremo Tribunal do país.
Durante a fase administrativa do processo de extradição, antes de seguir para decisão judicial, o Governo cabo-verdiano, através do Ministério da Justiça, autorizou esse pedido com base num parecer da Procuradoria-Geral da República.