A UCID partilhou esta quinta-feira, 06 de dezembro, em conferência de imprensa, a opinião de que considera estranhas as declarações do primeiro-ministro cabo-verdiano no que respeita à retoma dos voos da companhia TACV [Transportes Aéreos de Cabo Verde] para São Vicente, tendo o mesmo dito que tal não depende de uma decisão política.
Ulisses Correia e Silva garantiu aos jornalistas na quarta-feira, 05, que é do interesse do executivo que Cabo Verde possa ter uma “boa interligação aérea” a partir das várias ilhas, mas explicou que as linhas irão ser definidas consoante o interesse de viabilidade comercial. “Nós vamos privatizar a TACV e as linhas aéreas serão definidas de acordo com interesse de viabilidade comercial. Não posso antecipar. É do nosso interesse que Cabo Verde possa ter de facto uma boa interligação área a partir das diversas ilhas. Portanto esta não é uma decisão administrativa ou política do Governo”, declarou.
Para o líder da UCID, o Governo continua a injetar dinheiro na TACV. “Estranhamos, na medida em que os TACV são uma companhia de bandeira, é uma companhia que, segundo os dados de 2017, acumula um défice de mais de 14,7 milhões de contos, défice este que será pago por todos os cabo-verdianos, de Santo Antão à Brava, e não havendo possibilidade de uma intervenção política, questionamos então por que razão o Governo estará a injetar nesta companhia montantes avultados, aumentando ainda mais a dívida publica”, afirmou.
António Monteiro deixou um aviso ao executivo através da conferência de imprensa, tendo pedido que o mesmo não deixe que tenha que ser o povo a resolver o problema e acrescentando que o melhor é o Governo retroceder para que sejam realizados os voos para São Vicente. “Temos experiências deste mundo fora em que, quando os governos não atuam, o povo atua com consequências extremamente gravosas para o país e para a economia, daí que gostaríamos de lançar este apelo, para evitarmos que seja o povo a resolver as questões na rua”, salientou.
Sem os voos da TACV, o presidente do partido da oposição considera que os negócios dos operadores turísticos têm vindo a perder a dinâmica desejada. Recorde-se que a companhia aérea Cabo Verde Airlines iniciou desde fevereiro a sua atividade com base operacional na ilha do Sal e deixou de realizar voos internacionais a partir de outros aeroportos internacionais. Recentemente, voltou a retomar os voos internacionais a partir do aeroporto Nelson Mandela, na Cidade da Praia, uma situação que tem sido reclamada também para a ilha de São Vicente.