O ministro dos Negócios Estrangeiros e ministro da Defesa de Cabo Verde, Luís Filipe Tavares, decidiu pedir nesta terça-feira, 12 de janeiro, a demissão dos cargos desempenhados no Governo.
De acordo com uma nota divulgada pelo Governo, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, aceitou o pedido de demissão e irá apresentar então ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, o nome do novo ministro dos Negócios Estrangeiros e ministro da Defesa.
“O Governo agradece a dedicação e o espírito de missão demonstrado pelo Dr. Luís Filipe Tavares durante o período em que esteve a desempenhar os elevados cargos governativos”, pode ler-se no comunicado.
Motivo da demissão
A decisão de Luís Filipe Tavares deveu-se à polémica que envolveu o empresário português Caesar DePaço, nomeado para o cargo de cônsul honorário de Cabo Verde na Flórida, nos Estados Unidos da América, como um dos principais financiadores do partido português Chega, considerado de extrema-direita.
Isto porque o agora ex-ministro está ligado ao nome do empresário em questão, o que pode prejudicar o Governo de Ulisses Correia e Silva e, consequentemente, o Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder no arquipélago.
Segundo Luís Filipe Tavares, a demissão serve para “poupar” Cabo Verde ao “desgaste” das eventuais repercussões políticas negativas.
Esta demissão é a primeira consequência política deste caso, mas podem surgir outras, uma vez que, devido à “Grande Reportagem” da SIC e a outros órgãos da imprensa internacional, outros elementos do MpD estão a ser mencionados nas supostas ligações ao referido cônsul, como Carlos Veiga, ex-Embaixador de Cabo Verde nos EUA e que quer candidatar-se às eleições presidenciais cabo-verdianas.
A três meses das eleições legislativas, esta polémica é considerada uma bomba no país, com críticos a comentarem o caso como um autêntico escândalo político que envergonha a nação cabo-verdiana e mancha a boa imagem no plano internacional.
Luís Filipe Tavares garante que está de consciência tranquila
Entretanto, o ex-ministro garantiu que se encontrava de consciência tranquila e que agiu sempre de “boa fé” no que diz respeito à nomeação do empresário português, César De Paço, para cônsul de Cabo Verde na Flórida.
No entanto, após ter analisado as informações “adicionais” colocadas a circular publicamente, preferiu poupar o arquipélago à polémica.
“Na escolha do Dr. DePaço para cônsul honorário em parte da Flórida estive sempre de boa fé, baseando-me no facto de ter sido cônsul honorário de Portugal por vários anos, de ser uma pessoa bem colocada e considerada na sociedade americana e de pretender investir em Cabo Verde tendo os recursos próprios necessários. Baseei-me também nas informações a respeito do mesmo obtidas de fontes independentes e credíveis”, esclareceu.
Em sua defesa disse também que não inquiriu, “nem poderia inquirir, sobre as simpatias políticas do Dr. DePaço no contexto americano e português, guiado pela inabalável crença na liberdade de escolha político-partidária que deve ser reconhecida a todos os cidadãos, sem qualquer distinção”.