O presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, admitiu que o “excesso de confiança” levou à derrota do seu partido na Praia, sendo este o município mais importante de Cabo Verde. Tal acontecimento foi uma “surpresa” e “não era esperado por ninguém”, acrescentou.
O vencedor da Câmara da Praia foi o PAICV, que conquistou, ao todo, oito municípios nas eleições autárquicas decorridas no domingo, 25 de outubro. Por sua vez, o MpD, formação política no poder, venceu em 14 municípios.
No entanto, o dirigente do MpD garantiu que, enquanto primeiro-ministro, não fará “diferenciação nem discriminação negativa” em relação às Camaras Municipais. A afirmação foi feita numa conferência de imprensa realizada nesta segunda-feira, dia 26, onde foram debatidos os resultados das autárquicas.
Correia e Silva salientou ainda que o seu partido continua a ser o “maior partido autárquico” no arquipélago e que o mesmo vai então analisar as razões que o levou a sofrer derrotas, principalmente na Praia, em São Domingos e Tarrafal de Santiago. Isto porque o PAICV, maior organização política na oposição, nunca tinha alcançado o poder desde as primeiras eleições autárquicas, ocorridas em 1991.
“A leitura que fazemos é que a democracia funcionou e, quando é assim, temos que respeitar os resultados”, defendeu.
Quando questionado se a abstenção terá beneficiado o PAICV, disse que a mesma foi “elevada, particularmente na Praia”, e que seria desejável que a maior parte dos eleitores fosse às urnas votar.
“É preciso também ter em conta que estamos num contexto extremamente difícil. É pela primeira vez que em Cabo Verde se realizam eleições num contexto [de pandemia da Covid-19], que impõe uma série de restrições às pessoas”, lembrou.