O PAICV acusou o Governo de ter abandonado as pessoas do mundo rural. Outra crítica feita ainda nesta quinta-feira, 12 de novembro, foi a falta de investimentos e de implementação de políticas para dinamizar e desenvolver o setor da agricultura durante os quatro anos de governação.
O deputado Moisés Borges disse também que, durante o período de questões gerais, o Governo liderado pelo MpD votou ao abandono o mundo rural desde 2016. Foi nesse ano que o partido no poder venceu as eleições legislativas.
Borges acusou igualmente o Executivo de incompetência no combate à praga dos gafanhotos, além do desprezo das barragens e dos investimentos feitos no setor da agricultura durante a governação do PAICV, maior formação política da oposição no país.
“Começaram com ataques às barragens, fazendo finca pé naquilo que eram os problemas que as duas barragens apresentavam. Ao invés de focar nas soluções, focaram nos problemas e desprezaram de uma forma geral as barragens. Nunca se avançou com os projetos hidroagrícolas para rentabilizar a água retida nas barragens na ilha de Santiago”, expôs.
Por sua vez, a deputada Lúcia Passos, do MpD, realçou na sua intervenção as medidas adotadas pelo atual Governo para a promoção e desenvolvimento do setor da agricultura. Assim, acusou o PAICV de ter inflacionado o orçamento do referido setor com a construção das barragens.
“Temos investimento no setor da agricultura com impactos positivos na vida dos agricultores, apesar dos três anos de seca. Nós não abandonamos o setor agrícola, temos mais investimentos, temos mais jovens a acreditarem no setor da agricultura e pecuária e o Governo está a fazer um excelente trabalho em termos de disponibilização de terrenos para as mulheres no mundo rural e o acesso à água”, defendeu.
Já a UCID, através do presidente António Monteiro, lembrou que o seu partido já tinha alertado o Governo sobre a necessidade de criação de condições que permitissem assegurar a utilização da água das barragens. O dirigente acusou o Governo de negligência na gestão da barragem do Canto de Cagarra e falou mais concretamente sobre a situação dos agricultores das zonas de Ribeira de Vinha e Tchan de Holanda, na ilha de São Vicente.
Governo reage às críticas do PAICV
O Governo, através do ministro da Agricultura e do Ambiente, Gilberto Silva, refutou, entretanto, a acusação do PAICV quanto ao abandono do mundo rural, à falta de investimentos no setor da agricultura e ao desprezo das barragens. Segundo o governante, tem havido uma forte aposta na promoção e no desenvolvimento do referido setor, bem como na melhoria de condições de vida das pessoas.
“Não faz sentido estarmos aqui a dizer quem despreza e quem não despreza. Temos o dever, enquanto governantes, de empregar muito bem o dinheiro público, porque é o dinheiro de todos os cabo-verdianos. Nós entendemos que aí, de facto, houve muitas falhas. Aliás, não somos nós que entendemos, os cabo-verdianos já viram que barragens funcionam e que não funcionam”, concluiu.
Foram destacados os investimentos feitos no setor da agricultura, as reformas no setor da água. O Governo investiu cerca de 300 mil contos (quase três mil euros) na valorização hidroagrícola das barragens e brevemente irá aprovar a legislação relacionada com a segurança e a gestão das barragens, acrescentou.
Também negou a “incompetência” do Governo no combate à praga dos gafanhotos, tendo salientado que nesta matéria o Executivo criou todas a condições para que a luta contra as pragas, que tem afetado os agricultores, fosse desencadeada com sucesso.