O PAICV acusou o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, de formar um Governo “obeso e custoso”, de 28 elementos. Segundo o maior partido da oposição em Cabo Verde, tal irá custar, “no mínimo”, mais de 400 milhões de escudos (3,6 milhões de euros) por ano.
A posição foi manifestada pelo líder parlamentar do PAICV, João Baptista Pereira, durante a apreciação na Assembleia Nacional do Programa do Governo para a legislatura 2021-2026. Para justificar a crítica, o dirigente lembrou as dificuldades vividas pelo povo devido à crise económica provocada pela pandemia da Covid-19.
“É diante deste quadro difícil para os cabo-verdianos que se geraram expetativas elevadas em como, para a legislatura que ora se inicia, as respostas seriam mais ousadas, ao mesmo passo que muito responsáveis e até mais racionais. Entretanto, é neste contexto que vossa excelência, parecendo dar sinais contrários e circulando na contramão da crise que assola o mundo, presenteia o país com o Governo mais gordo da sua história, com um elenco de 28 elementos”, disse, dirigindo-se ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
Recorde-se que o novo Governo, empossado a 20 de maio, passou de 20 para 28 membros, incluindo 18 ministros e nove secretários de Estado.
Em reação a estas críticas, Correia e Silva acusou o PAICV de iniciar a nova legislatura a lançar novamente dúvidas sobre a atuação do Governo. “É criar sempre essa ideia, que os governos são entidades meio estranhas, que andam a roubar o povo para se alimentar a si próprios. Não é essa a intenção. Quem ganha, forma o Governo. Os senhores não ganharam, nós ganhámos e formamos Governo”, defendeu.
No entanto, assumiu que poderia haver uma redução do número de deputados exigidos nas bancadas parlamentares. Assim, comprometeu-se a criar as condições para revisão da Constituição da República, de maneira a que o número de deputados necessários para se constituir bancada parlamentar seja menor que cinco.