A União Europeia (UE) quer maior comunicação sobre o acordo de pescas com Cabo Verde, uma vez que considera existir um défice de comunicação referente a este assunto. A informação foi avançada pela embaixadora da UE em Cabo Verde, Carla Grijó.
A diplomata participou em uma reunião mista sobre o acordo de pescas, que decorreu na ilha cabo-verdiana de São Vicente. Na sua intervenção, mencionou que o acordo tem diversos componentes, para além do valor que foi pago para o acesso às águas nacionais.
Uma das componentes destacadas foi a do apoio setorial ao desenvolvimento do setor das pescas e a cooperação científica. Apesar de Carla Grijó realçar que o país africano tem demonstrado conhecimento e eficácia na implementação do acordo de pescas com a UE, notou igualmente um défice de comunicação do acordo no arquipélago.
“Embora recém-chegada a Cabo Verde, pude já constatar que existe um défice de informação sobre o acordo e sobre os benefícios recíprocos que dele resultam. Ao mesmo tempo, este é um acordo que suscita grande interesse junto da sociedade cabo-verdiana, extravasando mesmo os operadores económicos e grupos sociais mais diretamente implicados”, começou por afirmar.
“Penso que há um trabalho de informação e de pedagogia a ser feito. Por exemplo, sobre os sistemas de monitorização a que as embarcações da União Europeia estão sujeitas e que permitem às autoridades cabo-verdianas o conhecimento, praticamente em tempo real, dos volumes de pesca realizados. O ideal seria que essa transparência se estendesse também às frotas de outros países”, acrescentou.
Segundo a embaixadora, o acordo é vantajoso para ambas as partes e contribui para criar no arquipélago um ambiente empresarial cada vez mais atrativo. “Podemos melhorar ainda mais a nossa cooperação e a nossa comunicação. Uma comunicação reforçada apoiaria a nossa cooperação em todas as áreas, promovendo maior interação e beneficiando, nomeadamente, a implementação do apoio sectorial previsto no protocolo”, concluiu.
O novo protocolo ao acordo de pesca entre a UE e Cabo Verde foi aprovado em junho de 2020 e concede à frota europeia licenças para 28 atuneiros cercadores congeladores, 27 palangreiros de superfície e 14 atuneiros com canas, a serem distribuídos por Portugal, Espanha e França.