O ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, Subrahmanyam Jaishankar, realizou, esta semana, uma visita oficial a Portugal, na qual foi debatida a possibilidade de passar a haver um voo direto entre os dois países.
O responsável pela diplomacia indiana concedeu uma entrevista ao Diário de Notícias, na qual abordou diversos assuntos relativos à política externa da Índia, designadamente a parceria com a China no âmbito dos BRICS, a nova relação com os Estados Unidos, a relação com a União Europeia, a reforma da ONU e ainda os conflitos Rússia-Ucrânia e a guerra Hamas-Israel.
Sobre o legado Português na Índia, o responsável pela pasta dos negócios estrangeiros indiano disse que “a história é uma herança. O que fazemos dela depende de nós.
Quando perguntado sobre se Goa pode funcionar como uma ponte entre a Índia e Portugal, Jaishankar referiu que, “como um país que acredita que uma globalização justa, democrática e responsável oferece oportunidades, a Índia gostaria, naturalmente, de reforçar as suas ligações internacionais. Os laços do passado podem ser úteis nesse sentido. Por isso aderimos à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e desenvolvemos os nossos laços com o mundo lusófono.”
O ministro indiano abordou ainda o crescente número de migrantes indianos em Portugal. Para o diplomata “a mobilidade e a migração são hoje elementos intrínsecos da nossa existência globalizada e interdependente. O desafio para a diplomacia é fazer com que isto funcione em benefício mútuo. Apoiamos fortemente a mobilidade legal, uma vez que é transparente e proporciona a proteção necessária. Portugal é um dos primeiros países da UE a aperceber-se da sua importância. Nos últimos anos, celebrámos acordos com vários outros países da UE. A criação de um mercado de trabalho global justo e ordenado é do maior interesse da comunidade internacional.”
Por ultimo, Subrahmanyam Jaishankar declarou que “as tradições e práticas indianas estão também a tornar-se mais globalizadas. Isto é muito notório no Yoga, por exemplo, que se tornou verdadeiramente universal. O mesmo está a acontecer com outras práticas de bem-estar.” E concluiu afirmando que, “se olharmos para os mundos da arte, da literatura, do cinema, da música ou da gastronomia, a presença dos Indianos a nível mundial é agora muito mais marcante. Só posso antever essa presença a aumentar ainda mais nos próximos anos.”