O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e o Governo decidiram a 24 de Junho na reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional que, todos os oficiais com patente de Coronel há dez anos serão promovidos a Brigadeiros-Generais. Não se sabe o número exacto de oficiais que correspondem a este critério, mas são algumas dezenas.
O Presidente da República e o Governo deliberaram ainda a criação de condições para que os militares possam cumprir os seus deveres. A iniciativa já foi alvo de vários críticos que consideram não existirem condições para a reforma nas forças armadas que “se pretende séria”.
Na reunião em que foi tomada a decisão das promoções, Umaro Sissoco Embaló, na qualidade de Comandante Supremo das Forças Armadas, surgiu envergando uniforme militar, apoiado na sua já clássica bengala e ladeado de ministros e oficiais militares.
O Presidente Sissoco considerou ser importante ter Forças Armadas à altura das suas responsabilidades.
O ministro da Defesa Nacional, Sandji Fati, que serviu de porta-voz na reunião, disse que uma das preocupações do executivo é dotar as Forças Armadas dos meios necessários e que lhes permita cumprir as suas missões.
A capacitação dos quadros militares é um dos pontos na agenda, mas a criação de condições, principalmente afectação do equipamento, vai constituir uma prioridade.
Sandji Fati, que recusou falar dos recentes incidentes que envolveram militares e forças de ordem, assegurou aos jornalistas que, durante o encontro analisaram o Conceito da Defesa Nacional, considerando “extremamente importante” para estabelecer e definir as missões prioritárias a médio e longo prazo.
Nessa análise, terão sido, como explicou o ministro, discutidas também questões sobre o Projecto de Lei de programação e assuntos ligados à saúde militar, entre outros.
“Brevemente o Ministério da Defesa colocará em uso testes de aparelhos e será capaz de analisar telemóveis e aplicativos das redes sociais, por exemplo, Whatsapp, de formas a garantir a segurança no país. Por outro lado, vamos trabalhar com o intuito de modernizar as forças armadas, dotando-as de meios, nomeadamente: o serviço de transmissões militares e a contra inteligência militar no sentido de cumprirem cabalmente as suas missões”, disse o ministro.
Sandji Fati, antigo militar, disse ainda que na reunião foi abordada a proposta de promoção de alguns oficiais de coronéis a brigadeiros-generais. Sustentou que as pessoas em causa estavam em funções há mais de dez anos com patentes de coronéis, por isso o Comandante Supremo das Forças Armadas aprovou as suas promoções para brigadeiros-generais.
Promoções ou jogos políticos
Entretanto a iniciativa de Umaro Sissoco está a ser alvo de algumas críticas. Uns destacam que promover a reunião do Conselho de Defesa poucos dias depois de regressar de uma viagem a alguns países árabes, “tem outro sentido”.
Mas a criticas concentraram-se por o Chefe de Estado ter optado pelo uniforme militar na reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional, quando o país vive um clima tensão política. Para os críticos, Umaro Sissoco pretende intimidar os seus adversários políticos e aliciar os militares para permanecerem ao seu lado, uma vez que foram decisivos na sua chegada a Presidência.
Luís Perty, jurista, considerou inoportunas as acções de Umaro Sissoco Embaló e disse acreditar na existência de uma jogada política. Rui Landim, analista político destacou o que qualifica consumação de “golpe de Estado em curso no país”. “Quem é sério, não pode considerar que é sério o que acontece hoje neste país. Não existem condições. Como é que é possível termos duas partes em contenda, e uma consegue fazer tudo. Tem o poder, tem o controlo do país e faz tudo o que quer. Isso não é sério”, disse Rui Landim, que defendeu não existiam motivos para reunir o Conselho Superior da Defesa.