Guiné-Bissau: Descoordenação entre autoridades no caso do avião, leva à detenção de dois peritos

Bissau

O Ministério Público (MP) da Guiné-Bissau deteve esta quinta-feira 9 de Dezembro, por algumas horas, os dois peritos internacionais que tiveram acesso ao avião A340, suspeito de transporte de carga ilícita e retido em Bissau há mais de um mês a mando do Primeiro-ministro.

Justificando a detenção, o MP alegou a falta de credenciais para essa missão da organização que os alegados peritos dizem representar, mas sobretudo, por avançarem para o interior do aparelho sem a parte contrária, neste caso, a Presidência da República.

O Gabinete do Primeiro-ministro acusou o MP de falta de seriedade, devido a que antes da chegada dos peritos, todos os órgãos de soberania foram informados. A Presidência da República, por sua vez, segundo fontes, qualificou de “manipulação” a estratégia da Primatura ao decidir aceder ao avião sem a presença de quem mandou aterrar o aparelho.

Apesar de o Primeiro-ministro, Nuno Nabian, ter dado previamente instruções em como se deveria permitir a acção dos dois peritos, esta informação não foi transmitida ao comandante do Destacamento da Guarda Nacional, Sadjo Cissé, que foi informado pelos seus agentes que dois peritos acompanhados do PCA da Aviação Civil chegaram ao aeroporto por volta da 01 hora da manhã.

O mesmo relatório da Guarda Nacional precisou que os dois porões do avião foram abertos e que os peritos saíram sem prestar qualquer declaração.

Depois de concluírem os trabalhos na madrugada do memo dia, os dois peritos deviam deixar o país separadamente. Um devia viajar no voo da TAP e o segundo num voo de uma companhia aérea distinta.

Cedo um dos peritos, Thomas Joseph Billard, preparou a viagem de regresso para Portugal, mas o seu passaporte foi de imediato retido pelos serviços de emigrações e fronteiras do Aeroporto. Foi nesse momento que o Gabinete do Primeiro-ministro através da sua escolta entrou em acção. Deslocaram ao Aeroporto e forçaram o check-in de Thomas Joseph Billard.

Thomas Joseph Billard conseguiu embarcar, mas no mesmo instante uma carrinha de Guarda Nacional penetrou na pista do aeroporto impedindo o avião de descolar. Agentes entraram no aparelho e desembarcaram Thomas Joseph Billard, para depois o conduzir ao Ministério Público, de onde seguiu para a prisão da Polícia Judiciária em Bandim, tendo em conta que o perito recusou prestar quaisquer declarações nos interrogatórios, e reclamou sempre a presença do Governo.

Às 21 horas uma missão das Nações Unidas esteve na Polícia Judiciária a negociar a libertação de Thomas Billard que acabou por pernoitar na representação diplomática dos Estados Unidos da América. O Ministério Público acabou por ceder perante a pressão, porque, manter os peritos na prisão poderia acarretar maiores custos para o país e autoridades político-judiciais. O segundo perito detido esteve no Ministério Público até às 22 horas de quinta-feira.

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