O líder da Assembleia Nacional Popular (ANP), Domingos Simões Pereira (DSP), quer que seja esclarecida “toda a verdade em relação aos pagamentos efectuados aos empresários”, assim como “os contornos que levaram aos tiroteios de sexta-feira”, 1 de Dezembro.
Em conferência de imprensa na sua residência, Simões Pereira sublinhou que falava enquanto cidadão, por considerar que o seu silêncio “estava a dar azo a tentativas de o associar a várias situações” que segundo o mesmo poderiam potenciar “más interpretações e apelo à violência”.
“Quem me conhece sabe que não me revejo na violência, não sou apologista de desrespeito a ordem constitucional”, disse Domingos Simões Pereira que adiantou que após consultas com os membros do Governo, sobre o confronto ainda na noite de quinta-feira, e ao retornar à sua residência foi informado pelo seu corpo de segurança de que existiam “indícios de presença de homens armados” perto da casa.
“A minha casa parecia um campo de batalha, com tiros por todo o lado, mas primeiro tive de tranquilizar a minha mãe, com mais de 100 anos, e depois sair de casa”, disse o líder do Parlamento guineense aos jornalistas.
Simões Pereira disse ainda “não compreender a decisão do Ministério Público” que ordenou “a detenção preventiva” do Ministro da Economia e Finanças, Suleimane Seidi, e do secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, decisão que terá provocado a violenta reacção entre os militares e a Guarda Nacional a 1 de Dezembro.
Sissoco Embaló diz que foi tentativa de golpe de Estado
Para o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, os tiroteios do dia 1 de Dezembro foi uma “tentativa de golpe de Estado” e que terá “consequências graves para todos os implicados”.
Sissoco Embaló considera que o Comandante da Guarda Nacional, Coronel Victor Tchongo, não terá agido sozinho, “Tchongo não é louco para arrombar portas das celas da Polícia Judiciária e retirar o Ministro das Finanças e o Secretário de Estado”, disse.
“Falei com a Ministra do Interior [Adiato Djaló Nandingna] e ela disse-me que estava nas instalações da PJ (…). Disse-me que viu os agentes da Guarda Nacional a jogarem ponta pés na porta e a perguntarem por Suleimane [Seide]”, contou Umaro Sissoco Embaló.
Governo aponta desobediência da hierarquia pela Guarda Nacional
Também, o governo guineense condenou “os actos perpetrados por elementos da Brigada Intervenção Rápida (BIR) da Guarda Nacional”, que segundo o executivo foram praticados, “em desobediência e afronta à ordem hierárquica estabelecida”.
A posição do governo de Geraldo Martins foi tornada a pública este sábado, 2 de Dezembro após a reunião de urgência do colectivo governamental para analisar e pronunciar-se sobre os acontecimentos ocorridos no dia 01 de Dezembro.
Através de um comunicado, o governo apontou a “não observância dos procedimentos legais por parte da Procuradoria-Geral da República e os actos perpetrados, quer pela Guarda Nacional, quer pelo Estado Maior General das Forças, na madrugada e na manhã do dia 01 de Dezembro de 2023, consubstanciam essas fragilidades”.
O governo lamentou a actuação da Procuradoria-Geral da República, que o colectivo governamental disse estar “caracterizada pela violação flagrante de regras processuais na audição e detenção do Ministro da Economia e Finanças e do Secretário de Estado do Tesouro, enquanto membros do Governo”.
O executivo lamentou ainda “o uso de meios e de forças contra às instalações e os elementos da Brigada Intervenção Rápida (BIR) da Guarda Nacional, pelo Estado Maior General das Forças Armadas”.