Guiné-Bissau: Duelo Sissoco Embaló / Simões Pereira aumenta de tom no início da campanha

DSP Sissoco

A incompatibilidade entre o Presidente da República Umaro Sissoco Embaló e o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) está a marcar os primeiros dias da campanha eleitoral.

Esta quarta-feira, 17 de Maio, durante o encontro com os régulos no Palácio da República, o chefe de Estado não deixou margem para duvidas. “Há pessoas com as quais não posso coabitar e o povo sabe quem são. Não posso coabitar com elas e, pela estabilidade do próprio povo, o povo deve sancionar estas pessoas nas urnas”, disse Umaro Sissoco Embaló.

Dois dias depois, quando participava na Cerimónia de Transferência do Projecto de Porto de Pesca de Alto Bandim, de assistência da China à Guiné-Bissau, o presidente da República clarificou mais ainda a sua posição garantindo que nunca irá nomear para a chefia do Governo Domingos Simões Pereira ou Geraldo Martins do PAIGC, tendo precisado na ocasião que não vai “nomear nenhum cidadão que está sob investigação”.

O líder do PAIGC, no mesmo dia, respondeu a Umaro Sissoco Embaló sublinhando que “é importante que todo o mundo compreenda que essa não é uma afronta ao Domingos Simões Pereira, à coligação e às alianças que se possam estabelecer. Será uma afronta ao povo guineense, porque essa afirmação só pode significar uma coisa: o Presidente está a afirmar que não está disposto a aceitar e respeitar a escolha livre do povo guineense”.

A resposta de Domingos Simões Pereira foi proferida no dia (19.05) em que um grupo de 18 partidos políticos assinou na sede dos “Libertadores” um acordo com a Coligação da Aliança Inclusiva [PAI – TERRA RANKA], liderada pelo PAIGC.

“A nossa Constituição convoca para as eleições legislativas os partidos políticos, não outros órgãos de soberania. O Presidente da República deveria manter-se equidistante, mostrar a sua neutralidade no processo e respeitador das normas constitucionais”, disse Simões Pereira na mesma ocasião.

Apesar de Umaro Sissoco Embalo não ter dado explicitamente qualquer orientação do voto nas legislativas, cartazes do MADEM-G15 com as fotografias lado a lado de Braima Camará e de Sissoco Embalo não deixam dúvidas sobre os apoios recíprocos, o que valeu uma crítica de Nuno Nabiam, actual primeiro-ministro e líder do partido APU-PDGB.

As eleições legislativas de são uma “prova de fogo” para Umaro Sissoco Embaló, mas também a antecâmara da sua corrida a um segundo mandato. Uma eventual vitória do PAIGC e da sua coligação marcaria um novo período de turbulência política na Guiné-Bissau, semelhante ao de José Mário Vaz.

Domingos Simões Pereira sabe também que nestas eleições legislativas está em jogo o seu futuro político. Apesar da trégua interna, para não abalar a campanha eleitoral, os opositores no PAIGC à liderança de Simões Pereira não vão aceitar pacificamente uma derrota do partido, podendo neste cenário precipitar a saída do seu líder.

M.I. / Redacção

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