Familiares do Comissário da Polícia de Ordem Pública (POP), Bion Na Tchongo, garantem que este não morreu com Covid-19 mas que “terá sido envenenado”. Numa conferência de imprensa em que pretendiam protestar contra o “comportamento” do Estado guineense e contra altos oficiais do Ministério do Interior, os filhos do falecido Comissário da POP negam que o pai tenha sido vítima de Covid-19 e afirmaram terem provas que supostamente implicariam altos oficiais do Ministério do Interior na morte de Bion Na Tchongo.
Apresentado como a primeira vítima de Covid-19 na Guiné-Bissau, Bion Na Tchongo, que acabara de chegar ao Ministério do Interior, está agora a ser objecto de polémica. O filho, Albano Na Tchongo, que foi o primeiro a intervir na conferência de imprensa, afirma que a família foi abandonada pelos oficiais do Ministério do Interior e a solidariedade que alguns manifestaram no momento da morte do seu pai foi por “prevenção ou hipocrisia”. Segundo Albano Na Tchongo quando o seu pai adoeceu tentaram estabelecer contacto com os responsáveis do Ministério do Interior, “mas todos foram fazer testes”, entre Ministros e Secretários de Estado, que supostamente deram positivo.
“Mas porque é que os testes do condutor ou do protocolo do meu pai não deram positivos? É por isso que digo que, todos aqueles que alegaram terem relacionado com o meu pai e correram para testes, estavam apenas a prevenir de algo que só eles sabem”, disse.
Segundo o mesmo, para além de terem perdido o pai, estão a ser vítimas de uma estigmatização num caso que considera “absolutamente falso”. “O que estávamos a pedir ao Ministério do Interior é para que aparecessem ao público para desmentir que o nosso pai morreu do Covid. Seria importante, porque o estigma terminava”.
Sábado Na Tchongo, filha de Bion Na Tchongo, também presente na conferência de imprensa disse ter mais pormenores e insinuou que uma figura pública terá, supostamente, algo a ver com o sucedido ao seu pai. Sábado Na Tchongo disse que cedo percebeu que havia algo errado. Segundo a mesma as suspeitas começaram quando ocorreu na primeira consulta. Contou que seu pai foi buscar um médico cubano, mas encontrou um outro que acabou por fazer-lhe os testes e o mandar para a casa. “Quem o atendeu não só fez consulta como lhe administrou um soro. Ele foi para casa e sentiu mal. Fomos ao hospital e na urgência a minha madrasta apercebeu-se que o seu corpo sofria alguma alteração. Uma das mãos ficara preta”, contou Sábado Na Tchongo.
Com o agravamento do estado de Bion Na Tchongo, foi internado e colocado nos cuidados intensivos. “É verdade que nos contaram que ele seria objecto de testes. Só que, o primeiro resultado deu negativo. Um primo meu que trabalha no hospital foi quem me disse, mas disse também que iriam fazer um segundo teste. Voltei para casa e já no caminho ele ligou-me para informar que o segundo teste deu positivo. Entrei em pânico, mas o meu marido acalmou-me mostrando que o meu pai teria resiliência. Tem capacidade de resistir aos efeitos”.
A filha contou que outros episódios, que considera “estranhos”, aconteceram no segundo dia de internamento. Durante o pequeno-almoço Sábado Na Tchongo perguntou ao médico assistente sobre o estado de saúde do pai, que disse que era estável, que falava e tinha comido. Para Sábado Na Tchongo o facto de um oficial do Ministério do Interior priorizar a comunicação com um médico, em detrimento da família, sobre a evolução do estado de saúde de Bion Na Tchongo “foi suspeito”. Assim como a atitude do mesmo oficial do Ministério do Interior que quando já sabia do falecimento de Bion Na Tchongo, deslocou-se ao hospital para perguntar à família Na Tchongo sobre o estado de saúde do Comissário da POP.
A família Na Tchongo pretendeu, com primeira conferência de imprensa, defender que Bion Na Tchongo supostamente não morreu do Covid, mas também advertir que, se o Estado não intervir, a família do Comissário da POP irá fazer mais revelações.
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[…] Na Tchongo, a former navy commander and chief of naval intelligence, died last year, shortly after assuming the post of commissioner of Guinea-Bissau’s Public Order […]