A definição da data de Eid al-Adha, também designada como Tabasky, tem provocado grandes debates na Guiné-Bissau. Duas datas foram anunciadas, e o Governo acabou por defender uma desta, através do despacho que decreta quarta-feira, 21 de Julho, feriado Nacional.
As organizações islâmicas não se entendem e muitos dos seus fiéis, indiferentes às querelas, decidiram iniciar as rezas esta terça-feira 20 de Julho, tal como estabelecera a Comissão de Observação Lunar criada por consenso das entidades religiosas. Mas persistiu uma duvida se iniciar as rezas esta quarta-feira seria permitido pelo Governo, tendo em conta que nos últimos tempos, até as entidades religiosas foram alvo de acções policiais.
O assunto da reza podia ser pacífico não fosse os fundamentos apresentados pela Comissão de Observação Lunar, quando decidiu abandonar a data de 20 de Julho, após um suposto pedido do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.
Durante uma conferência de imprensa os representantes da Comissão Lunar cingiram-se apenas a um apelo ao respeito ao pedido do Chefe do Estado, sem no entanto fundamentar se a data que indicaram era a real ou não. No entanto, em todo o mundo, sobretudo nos países islâmicos do mesmo fuso horário com a Guiné-Bissau, a reza de Eid al-Adha tem lugar esta terça-feira 20 de Julho.
Nas redes sociais diferentes vozes insurgiram-se contra aquilo que qualificaram de “interferência do Presidente da República nos assuntos religiosos” mas também o Governo foi criticado por interferir frequentemente nos assuntos religiosos, sobretudo da Comunidade Islâmica.
Na última reza que teve lugar em Maio, o Governo impediu os muçulmanos de assinalar a data numa sexta-feira tendo chegado a utilizar gás lacrimogéneo para dispersar alguns fiéis numa marcha de protesto. A segunda intervenção do Governo, ocorreu quando fiéis muçulmanos foram impedidos dar posse a um régulo em Cossé.
Relativamente ao inicio de Eid al-Adha, tem provocado maior agitação devido a que todas as estruturas das organizações islâmicas na Guiné-Bissau estão representadas, nomeadamente os Conselhos Nacionais e Superiores Islâmicos, a Liga dos Sábios, a Juventude Islâmica e por fim a União Nacional dos Imames, que apesar de ter um representante na Comissão de Observação Lunar, decidiu emitir um comunicado contrariando a data da Comissão. Consequentemente na Guiné-Bissau haverá reza em dois dias, mas o dia oficial e decretado pelo Governo é quarta-feira, 21 de Julho, contra a data 20, que a maioria de fiéis considera a correcta.