Um grupo de cinco membros do Bureau Politico e Comité Central do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) endereçou uma carta ao presidente do partido na qual critica a direcção liderada por Domingos Simões Pereira (DSP), acusando o presidente de ter levado o partido às derrotas nas presidenciais, perda do Governo e o Parlamento.
Na carta, os subscritores manifestaram-se contra a possibilidade do partido avançar com a ‘Lista Única’ no próximo Congresso e exigiram ao presidente que permita que a democracia interna funcione. Não obstante, os subscritores enalteceram os sucessos, com o facto da direcção liderada por Domingos Simões Pereira ter imprimido maior noção da cidadania, atracção da diáspora aos interesses nacionais e resiliência nos momentos mais difíceis.
O Xº Congresso do PAIGC deverá ter lugar entre 17 a 20 de Fevereiro, mas já começou a mexer. Domingos Simões Pereira ainda não manifestou claramente que irá concorrer a um terceiro mandato, apesar de ter anunciado preteritamente que essa não seria a sua intenção. Mas tudo indica que poderá acontecer.
Já está a circular na internet uma petição intitulada “Apelo a Recandidatura do Eng. Domingos Simões Pereira a Presidência do PAIGC”, a qual terá sido lançada na diáspora, que já recolheu cerca de 1.170 assinaturas. Entre vários pontos, na petição, os promotores destacam que o líder do PAIGC “ganhou todos os embates eleitorais durante a sua liderança” e “valorizou a democracia interna, incentivando e incrementado, ao mesmo tempo a coesão interna”. Argumentos refutados na “Carta Aberta”, tornada pública a 13 de Janeiro.
Uma facção no PAIGC considera que poderá ser inevitável a candidatura a DSP a um terceiro mandato, uma inevitabilidade que poderá ter incitado críticos internos, e alguns potencias candidatos à liderança do partido, a difundirem a “Carta Aberta” como meio de evitar que se repita o que aconteceu em 2018, quando participaram 3 candidatos e Domingos Simões Pereira saiu vencedor.
Na “Carta Aberta” os subscritores começaram com uma radiografia e lembraram que, a vitória de Domingos Simões Pereira no Congresso de 2014 em Cacheu, foi uma conjugação de esforços de demais candidatos, incluindo Carlos Gomes Jr. que se juntaram à volta da sua figura para ser presidente.
Apesar de a “Carta Aberta” ser assinada por apenas cinco membros do Bureau Politico e Comité Central, conta com o apoio de outros potenciais candidatos à liderança do PAIGC e críticos dos resultados alcançados pelo PAIGC durante os dois mandatos de Domingos Simões Pereira, assim como insistem na “promessa” do líder do partido em como não concorreria a um terceiro mandato.