O Coordenador do Movimento Alternância Democrática (MADEM) chegou ao país no meio de uma polémica com o Presidente da República. Apesar do dispositivo de segurança ter sido garantido, os colaboradores do MADEM acusaram o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló de pretender humilhar Braima Camará.
Segundo as denúncias do gabinete de Comunicação de Braima Camnará, o Presidente da República teria dado instruções para que o Coordenador do MADEM fosse impedido de entrar na sala VIP do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira. Os membros do Governo, oriundos do MADEM, foram igualmente impedidos de se deslocarem ao Aeroporto, por supostas ordens superiores.
A tentativa de abafar o regresso de Braima Camará ficou patente também com a ausência da Televisão da Guiné-Bissau (TGB). A responsável da comunicação de Braima Camará, Sara Ramos, acusou através das redes sociais o Director da TGB de ter recebido ordens do Chefe de Gabinete do Chefe de Estado para não fazer a cobertura da chegada do coordenador do MADEM nem de qualquer outro acto organizado pelo partido. Face a esta situação os militantes do MADEM lançaram um aviso ao Presidente da República em como não conseguirá “humilhar” o coordenador do partido e se pretender prosseguir num confronto com o MADEM irá perder a possibilidade de cumprir um segundo mandato na presidência.
No entanto a enchente humana nas ruas de Bissau no acolhimento a Braima Camará, não passou despercebida. Num comício improvisado na sede do partido, o Coordenador do MADEM acusou a TGB de censura e considerou ser um comportamento inadmissível que deve ser condenado.
“Estou a falar do caso da televisão, não é porque está a fazer falta. Falo da televisão, porque é um órgão nacional que deve estar ao serviço de todos os guineenses. Não é aceitável que haja ordens para que se faça cobertura a uns e não aos outros”, começou por referir.
“Quando levantei-me no Conselho Nacional do MADEM e disse que Umaro Sissoco seria o meu candidato, muitos dos seus amigos de hoje eram contra. Fi-lo Presidente e apareceram para usá-lo com vista a minha destruição. Isso não vai acontecer”, disse Braima Camará que sublinhou estar convicto que irá vencer as eleições.
Na mesma ocasião Braima Camará aproveitou para criticar o ambiente de insegurança. Disse serem inadmissíveis os espancamentos de que os cidadãos têm sido alvo no país, só por manifestarem as suas opiniões. “Regressei e quero com este regresso ajudar na consolidação da paz e estabilidade. Mas, os direitos de cidadãos precisam de ser respeitados”, e afirmou que é necessário “denunciar os golpistas, a violência e a intriga, porque a Guiné-Bissau precisa da paz e estabilidade”.
O coordenador do MADEM anunciou também que o partido irá realizar em breve o seu Congresso e que qualquer dos cerca de 300 delegados poderá concorrer à liderança do partido.
Braima Camará permaneceu 11 meses ausente do país, uma ausência que foi interpretada como resultado das colisões com o Presidente da República. Para os militantes do MADEM o regresso do coordenador do partido marca o arranque na corrida para as eleições legislativas, estando convictos da vitória do MADEM e que Braima Camará será primeiro-ministro, que segundo os mesmos é o único que “tem um projecto para a Guiné-Bissau”.