No espaço de uma semana, dois militantes de peso do Partido da Renovação Social (PRS) anunciaram a desvinculação ao partido e integração no Movimento para Alternância Democrática (MADEM). Fernando Gomes, único deputado do PRS em Bissau e Paulino Ié, deputado eleito pelo PRS na penúltima legislatura no Círculo 9. Ambos anunciaram terem terminado os seus círculos nos Renovadores e alegam que a opção do MADEM assenta nas perspectivas que essa formação política tem mostrado.
Ao mudarem, ambos os militantes garantiram terem transferido por completo as suas estruturas de apoio e prometeram reconfirmar o sucesso obtido no PRS. Altos dirigentes do PRS destacam o “desespero e a falta de seriedade dos desertores e traição” do MADEM.
A direcção do PRS, actualmente mergulhada em graves problemas em termos de liderança, considera essa prática como uma traição do MADEM, tendo em conta que foi o PRS que suportou os actuais líderes daquela formação política, quando estavam com os problemas internos no PAIGC.
O PRS deverá, segundo uma fonte junto da direcção, manifestar a sua indignação junto da direcção do MADEM face a este comportamento, mas para que isso aconteça, precisa de reunir alguns órgãos do partido, o que neste momento é uma tarefa complexa, tendo em conta as divergências internas.
Desde Maio a direcção interina do PRS, liderada por Fernando Dias, tem feito face a enormes dificuldades para aglutinar os altos dirigentes do partido numa só posição, porque a maioria não concordou com a forma como delegou poderes Alberto Nambeia, presidente eleito em Congresso de Janeiro. Os opositores chumbaram a decisão de Alberto Nambeia, porque para além de ser eivada de questões tribais, o sucessor interino, Fernando Dias, não tem supostamente “maturidade” política para estas funções.
Antes do posicionamento da Direcção, alguns dirigentes do PRS já pronunciaram-se sobre vaga de deserções internas. Fransual Dias, do Gabinete Jurídico do PRS teve duas enérgicas reacções sobre a situação. Na primeira afirmou que tem andado a rir com pena de alguns políticos falhados que saem do PRS para o MADEM. Para Dias, é um sinal de desespero sobre o que fazer na política. Ainda sobre o mesmo assunto, o político escreveu nas redes sociais: “Caro militante do Partido da Renovação Social ainda que em desespero não troque o PRS para o MADEM, ao menos que seja tudo menos seriedade. MADEM (dos meus amigos) ainda precisa de anos-luz para se poder ser caracterizado politicamente”.
Inconformado com as saídas já registadas, Fransual Dias destacou que o “PRS é uma fonte de cultura política inesgotável. É preciso estudar a política para fazer a política. Se não cai-se em fatalidades que te redundam em res nullius”, concluiu.
Fernando Gomes, deputado e candidato ao cargo de Secretário-geral do PRS no penúltimo Congresso do Partido sente-se abandonado pela direcção. Paulino Ié, ex-deputado, mostrou-se desgastado com o partido pelo facto de não ter sido cabeça de lista dos Renovadores no seu círculo nas últimas legislativas.