Cipriano Cassamá não esconde que entrou em ruptura com o “seu” partido, PAIGC. Depois de ter convocado a sessão parlamentar contra a vontade do PAIGC, que acabou por demonstrar a existência de uma nova maioria, o presidente da ANP voltou a tomar uma decisão que vai contra a vontade PAIGC, decidiu que o lugar de 1º vice-presidente que o partido deveria ter por inerência, e que era ocupado por Nuno Gomes Nabiam, no âmbito do acordo com o PAIGC, mantém-se vazio por impedimento deste na condição de primeiro-ministro.
Dois dias depois de ter voltado à sessão iniciada a 29 de Junho, o PAIGC reclamou o lugar de Armando Mango, que foi eleito na sessão em que Cipriano Cassamá foi investido Presidente da República interino, por ter, efemeramente, considerado que a passagem da presidência entre José Mário Vaz e Umaro Sissoco Embaló, poderia ser interpretada como abandono do poder.
No momento inicial, Cipriano Cassamá qualificou de inválida a sessão em que Armando Mango foi eleito. O PAIGC apresentou seus argumentos com a convocatória e as deliberações da mesma sessão, mas não o presidente da ANP não abdicou da sua posição.
Perante a persistência do PAIGC, Cipriano Cassamá passou ao “ataque” na sessão parlamentar de 13 de Julho. Pouco antes da ordem do dia, o presidente da ANP disse que jamais convidaria Armando Mango para sentar na mesa da ANP.
Para Cipriano Cassamá, os actos antecedentes à sua eleição foram ilegais. “Uma das provas é quando a Comissão Permanente agenda para esta sessão a eleição do 1º vice-presidente. É sinal de que o acto anterior estava ferido de ilegalidade”, começou por afirmar Cipriano Cassamá argumentando de que, “ninguém do PAIGC se opôs ao agendamento da eleição do 1º vice-presidente”.
Questão de Armando Mango um assunto encerrado
Frontal nas suas palavras, Cipriano Cassamá considerou a questão de Armando Mango como um assunto encerrado, tendo em conta que quando o PAIGC faltou à primeira sessão, a maioria parlamentar decidiu retirar esse ponto.
“Estou aqui apenas para aplicar a lei. Não há como favorecer uma ou outra parte. Por isso, se acharem que estou a cometer uma ilegalidade, vão ao Supremo Tribunal de Justiça”, desafiou Cipriano Cassamá os dirigentes do PAIGC.
Mas Cipriano Cassamá não ficou por ali. Rebatendo as insinuações de alguns deputados do PAIGC, em como estava a reservar o lugar para Nuno Gomes Nabiam, o presidente da ANP foi contundente. “É mentira! Não tenho sacos aqui para guardar lugar para ninguém. Ninguém irá influenciar-me aqui. Estou aqui apenas para aplicar a lei”, disse em resposta ao PAIGC.
Cipriano instruiu a secretária para dar gabinete a Armando Mango
Entretanto as bancadas parlamentares do PAIGC e da APU continuam sem conseguir interpretar as acções de Cipriano Cassamá. Hélder Barros do PAIGC, recordou ao presidente da ANP que convocou a sessão, orientou a eleição do 1º vice-presidente, convidou-o para a mesa.
“Mas há mais! No dia seguinte aquela sessão, Cipriano Cassamá realizou uma reunião na ANP e convidou Armando Mango como 1º vice-presidente. Ele ainda foi mais longe ao instruir a Secretária para que passasse a Armando Mango todas as informações e dossiers ligadas ao seu gabinete”, lembrou Hélder Barros.
Apesar de todos os debates, Cipriano Cassamá continua a considerar a eleição de Armando Mango como nula, enquanto o PAIGC considera-a como um dado adquirido.