A decisão de Umaro Sissoco Embaló juntar na mesma mesa Paulo Sanhá e Fernando Gomes, parece não ter surtido os efeitos desejados. Após cerca de três horas, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) saiu e deixou escapar uma advertência: os problemas pessoais não devem ser transportados para as instituições. Umaro Sissoco Embaló insistiu que não existem muitos motivos para se continuar a brigar nas instituições da República, e lembrou a Paulo Sanhá que já tem dias contados no STJ.
Depois do encontro, o primeiro a falar à imprensa, ladeado de Paulo Sanhá e Fernando Gomes, foi o Chefe de Estado. Na sua intervenção em crioulo, Umaro Sissoco Embaló começou por revelar que decidiu optar por esta via, porque não fica bem, a divergência entre os titulares dos dois principais órgãos de justiça. Na sua opinião, para a justiça seja credível junto dos cidadãos, é preciso que aqueles que estão à cabeça das instituições sejam credíveis.
Para Umaro Sissoco Embaló a polémica entre os dois “é feia”, e lembrou que quando estudantes “moravam no mesmo quarto”. Enquanto primeiro magistrado e responsável pelo bom funcionamento das instituições, o Chefe de Estado vincou que não poderia jamais permitir que acontecessem situações desta natureza. Disse também que quando decidiu nomear Fernando Gomes para as suas actuais funções, tinha como intenção reforçar a credibilidade da justiça, pelo que, situações como as que têm acontecido não abonam nesse sentido.
Após as palavras do Chefe de Estado o Presidente do STJ, Paulo Sanhá, agradeceu a iniciativa de Umaro Sissoco Embaló, e sublinhou que “problemas pessoais” não podem “nunca” ser transportados para as instituições, e acrescentou que quando esta amalgama acontece é porque está-se perante a negação da justiça.
Parco em palavras na sua vez, Fernando Gomes, Procurador-Geral da República, aparentemente numa posição mais confortável, limitou-se apenas a agradecer a iniciativa do Presidente da República, sem no entanto, esclarecer se a polémica foi ultrapassada.
Por fim, Umaro Sissoco Embaló retomou a palavra para replicar as declarações de Paulo Sanhá. Foi nesse momento que lembrou que conhecia a posição de Paulo Sanhá no contencioso eleitoral de 2020, mas” jamais ficou com ódio” e sublinhou que Paulo Sanhá sabia de facto que ele ganhara as eleições, mas que apenas estava a fazer o seu trabalho.
Como remate, o Presidente da República, dirigindo-se a Paulo Sanhá, disse que não tinha motivos para mais conflitos, tendo em conta que o Presidente do Supremo Tribunal está na recta final do seu mandato.