A manifestação convocada, esta quinta-feira 08 de Novembro, pelos alunos das escolas públicas culminou com uma carga policial contra os manifestantes, resultando em vários feridos e detenções por algumas horas.
Diferentes associações estudantis protestavam contra o atraso no início das aulas, cuja abertura foi anunciada pelo Governo apontava para o início de Outubro, assim como exigiam a publicação dos resultados finais do ano lectivo 2017/2018 nas escolas de formação dos professores, nomeadamente Escola Normal Superior Tchico Té, 17 de fevereiro e ENEFD.
O atraso registado no começo das aulas, nas escolas públicas, está relacionado com as sucessivas greves dos três sindicatos do sector do ensino, SINAPROF, SIESE e SINDEPROF, que exigem o pagamento dos salários em atraso aos professores contratados, novos ingressos e aplicação do diploma de carreira docente. São revindicações que o Governo não conseguiu atender, condicionando, assim, o início prático do novo ano lectivo, e, em consequência, levou os alunos a saírem às ruas para exigirem a abertura das salas de aulas. “Chegamos aqui as 6 horas da madrugada e vimos os agentes desde aeroporto até aqui no nosso local de concertação”, testemunhou uma das manifestantes. A reacção da polícia causou oito feridos na detenção de alguns estudantes que entretanto foram libertados.
Para Gueri Gomes, presidente da Rede Nacional das Associações Juvenis, afiançou que “assiste-se a um acto de covardia, por parte dos agentes da força de ordem, contra um grupo de jovens que reclama o direito à educação”.
Em nome do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados e da Federação das Associações das Escolas Superiores da Educação, Badilé Domingos Sami, disse que não se vão intimidar com a acção policial desta quinta-feira, repudiando a postura assumida pelas forças da Ordem Pública.
“Se pensarem que vamos retirar, estão enganados. Vamos continuar a exigir o direito que nos assiste. Essa atitude dos agentes é uma prova inequívoca de que querem implementar ditadura na Guiné-Bissau. Não devemos aceitar! Não pode haver ditadura no país!” desafiou Badilé Domingos Sami, sublinhando que “o governo não consegue dar escola aos seus cidadãos e, acima de tudo, proíbe a manifestação e manda espancar os cidadãos, lança gás lacrimogéneo contra as crianças menores de 18 anos. Este é um ato condenável”.
Ainda sem uma reacção por parte da força de ordem ou Ministério da Educação Nacional, os promotores da manifestação não desarmam e prometem voltar às ruas para exigir o início das aulas nas escolas públicas. “Se pensam que vamos retirar desta luta estão muito enganados estamos nisso com muita convicção e determinação”, disse um dos promotores da manifestação.
De acordo com a contagem efectuada pelo Instituto Guineense de Opinião Pública e Estatística (IGOPE), registou-se nas primeiras horas (08h:00), a presença de aproximadamente 372 pessoas, no ponto de concentração na Avenida dos Combatentes de Liberdade da Pátria (Espaço Verde), a estimativa do IGOPE aconteceu 30 minutos antes da acção da polícia que acabou por dispersar os manifestantes.
O IGOPE precisa que na metodologia utilizada, a margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.