O Presidente da República, José Mário Vaz, afirma que o problema da Guiné-Bissau reside na realidade da “percepção que os adversários” do progresso criaram junto de alguns parceiros externos.
Na sua mensagem de Ano Novo, esta segunda-feira, 31 de dezembro, o chefe de Estado guineense disse que a instabilidade governativa e os mal-entendidos na Guiné-Bissau ganham maior expressão a partir do exterior e com o apoio daqueles que não querem acompanhar a verdadeira realidade do dia-a-dia no país, sublinhando que na origem dos problemas que o povo guineense enfrenta está uma questão de ética na política, uma questão de moral e de valores, que para alguns desapareceram da arena política e agora prevalece a lei do “vale tudo”.
“Aqueles que até hoje, foram os únicos beneficiários continuam a lutar para manterem a todo o custo os seus privilégios face à maioria do nosso povo”
“Aqueles que até hoje, foram os únicos beneficiários continuam a lutar para manterem a todo o custo os seus privilégios face à maioria do nosso povo. São esses os adversários do progresso e da igualdade pela qual eu luto. São esses os que estão contra o “Mon na Lama” e o “dinheiro do Estado no cofre do Estado”, a fim de enfrentarmos os desafios do nosso tempo. São esses os que cozinham alianças externas em prejuízo dos reais interesses do nosso povo. São sempre os mesmos que denigrem a imagem externa do nosso país junto da comunidade internacional, criam o fantasma da instabilidade e provocam a humilhação externa do nosso país, do nosso povo, das nossas instituições e dos seus dirigentes. São esses irmãos que apenas olham para os seus interesses pessoais e de grupo” disse, implorando os guineenses que façam de 2019 o ano da “Consolidação do Poder Democrático”.
Por isso, José Mário Vaz espera que a vontade do povo que será expressa nas urnas, nas próximas eleições legislativas, seja um factor de “estabilidade e de unidade” e não de “contestação e perturbação da paz social” no país que “muito nos custou a construir”.
“Temos todos de trabalhar no único sentido de manter este clima de paz civil e segurança interna, antes, durante e pós eleições, pois é fundamental para o desenvolvimento do nosso país. Por este motivo, conto com o apoio de todos os guineenses, em especial das nossas mulheres e mães, dos nossos jovens e dos nossos irmãos que vivem na diáspora – este país é nosso e o destino depende de todos. Mas quero aqui deixar um apelo aos dirigentes do país de que a maioria da população é constituída por mulheres e jovens, que não estão a ser suficientemente valorizados” instou.
Para o Presidente a reforma constitucional permitirá a “eliminação de focos de instabilidade institucional e a clarificação do sistema de governo”
O chefe de Estado guineense voltou a defender a reforma constitucional que permita a “eliminação de focos de instabilidade institucional e a clarificação do sistema de governo, a fim de permitir que os guineenses se pronunciem directamente sobre o sistema de governação actualmente em vigor”, acreditando que as eleições legislativas sem reformas não representarão a “solução mágica” para os problemas políticos na Guiné-Bissau.
Por isso, Mário Vaz sugeriu que, após as eleições, impõe-se uma nova agenda nacional, porque “o problema da Guiné-Bissau não são as pessoas, mas sim o sistema de governo. O sistema actual terá de mudar para dar lugar a um país novo, aquele que inspirou o pais fundadores da nossa República, forjada na luta armada contra o colonialismo”.
Ainda no seu discurso, o Presidente da República, José Mário Vaz, realçou que o país continua a viver em clima de paz e estabilidade, sem qualquer “tumulto ou agitação”, e que a administração do Estado funcionou, durante o ano que agora termina, com regularidade, a sociedade prosseguiu a sua vida na acalmia e com serenidade, não há registo de violência ou de violação de direitos, assim como a actividade económica prosseguiu o seu curso normal, as actividades produtivas conheceram um incremento normal, nomeadamente a produção de arroz e da castanha de caju.
Referindo-se ainda aos ganhos registados em 2018, Mário Vaz afirma que o país deu um passo significativo no sentido de garantir a representação equitativa entre homens e mulheres, com aprovação da lei que garante a quota mínima de 36% de representação das mulheres a nível de cargos elegíveis, sobretudo na Assembleia Nacional popular e no Governo.
“O ano de 2018 foi o ano marcado pelo diálogo e pela liberdade, e eu, enquanto Presidente da República, estou certo que esta foi a melhor via para aproximar mais os guineenses. É chegada a hora de nos entendermos como irmãos, e cada um deve colocar todo o seu saber ao serviço do nosso país e do nosso povo. Nem tudo nesta vida é fácil, mas com certeza nada é impossível. Temos de confiar mais em nós próprios e com sentido patriótico, devemos juntos virar a página e dar início a uma nova fase na história da Guiné-Bissau” disse o chefe de Estado, José Mário Vaz.
Tiago Seide