O Presidente da República Umaro Sissoco Embaló ignorou a direcção do Partido da Renovação Social (PRS) na conclusão da formação do Governo de Iniciativa Presidencial.
O Chefe de Estado indicou mais três dirigentes para funções outrora recusadas pela Direcção do partido, tendo estes sido empossados na tarde desta terça-feira, 14 de Junho. Umaro Sissoco Embaló aproveitou a cerimónia de posse para reafirmar que nenhum partido tem legitimidade para questionar a sua escolha, numa alusão subliminal ao PAIGC e ao MADEM.
No PRS a ala fiel a Alberto Nambeia acabou fragilizada e em 10 pastas atribuídas ao partido, conta apenas com dois fiéis ao presidente que permanece ausente do país, em tratamentos médicos em Portugal.
As novas nomeações aconteceram depois de o PRS ter protestado e os seus dirigentes recusarem três pastas por, alegadamente, não terem sido previamente consultados pelo Presidente da República. Sissoco Embaló reagira exonerando os contestatários e indicando novos nomes para os lugares deixados vagos.
O Presidente da República não pediu ao PRS que indicasse novos nomes, como reafirmou que tratando-se de um Governo da sua iniciativa, nenhum partido tem legitimidade de questionar as suas escolhas.
Na mesma ocasião, Umaro Sissoco Embaló vincou que sendo o seu Governo, pode escolher em cada partido ou fora dos partidos e nomear dirigentes ou cidadãos que considerar competentes para assumirem determinadas funções. O Chefe de Estado confirmou assim que a Direcção do PRS não teve qualquer pronunciamento na formação do Governo.
Os elementos nomeados pelo Chefe de Estado são membros do PRS que actualmente fazem parte da oposição interna contra a direcção de Alberto Nambeia.
Dionísio Cabi, foi nomeado ministro dos Recursos Naturais, substituindo Fernando Dias, Presidente em exercício; Augusto Poquena, nomeado ministro da Energia e Indústria e substitui Mário Fambé, opositor de Alberto Nambeia no Congresso de Janeiro e vice-presidente, que também recusou a pasta. Martina Moniz passou a chefiar o ministério da Educação, preenchendo a vaga deixada por Tcherno Djaló.
O porta-voz do PRS Raimundo Yala alegara um “lapso de comunicação” que levara à não comparência de Florentino Dias, Mário Fambé e Tcherno Djalo na tomada de posse do elenco Governativo a 10 de Junho. Um “lapso” que não foi tolerado pelo Chefe de Estado que imediatamente exonerou estas três figuras das pastas para que tinham acabado de ser nomeados.
Observadores apontam que está aberta assim uma crise no relacionamento entre o Presidente da República e a “liderança em exercício” do PRS, sob comando de Florentino Dias, que substitui Alberto Nambeia durante a sua longa permanência em Portugal.