O Coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM G-15), Braima Camará, disse na abertura da reunião do Conselho Nacional do partido que cada entidade na Guiné-Bissau é obrigada a respeitar a Constituição e os estatutos que regem o seu funcionamento.
Numa abordagem sobre a situação interna do partido, Braima Camará assegurou que nunca irá admitir interferências, e destacou que como não existem dois Presidentes da República, também não podem existir dois Coordenadores do MADEM. Em claro confronto com os aliados do Presidente da República no partido, Braima Camará afirmou que o MADEM só vai contar com os dirigentes que estão presentes, numa alusão indirecta à Soares Sambú e Marciano Silva Barbeiro, altos dirigentes do partido que não tomaram parte nas reuniões dos órgãos do partido. “A política se faz com os presentes”, reforçou Braima Camará.
Os dois dirigentes estão a ser alvo de persistentes ataques do Coordenador, porque são encarados pelo mesmo como novos aliados do Presidente da República em detrimento do partido. Em consequência dessa aproximação, o MADEM tem sido bastante prejudicado, porque, conforme defende Braima Camará, o Chefe de Estado passou a tomar decisões sobre a formação política e seus militantes nomeados, sem ouvir a direcção.
“Não vamos permitir que isso aconteça. Hoje muitos militantes criticam que o partido não tem ajudado a ninguém, independentemente dos trabalhos feitos para termos um Presidente da República e estarmos hoje no Governo. É verdade. Prefiro ficar calado que estar a contar o que tenho sofrido. Mas aos autores dos actos que atentam contra os meus direitos. Calado, estou a construir. Porque se começar a falar como estou a fazer, muita coisa virá a cima e não será bom para muita gente”, vincou.
Em apenas três dias o MADEM reuniu três dos seus órgãos. A Comissão Permanente, a Comissão Política e o Conselho Nacional. Este último, tratando-se de órgão máximo no intervalo de Congressos, deverá ainda segunda-feira, 2 de Julho, tomar decisões de fundo porque, segundo Braima Camará, não podem permitir que o partido seja destruído por interesses inconfessos. “Este partido constitui a esperança deste povo. Cada um de nós sabe o que é que o partido nos custou. Estamos de olhos abertos e não permitiremos que ninguém, por trafulhice nos dê volta”, advertiu.
Braima Camará lembrou ainda aos dirigentes que as estruturas regionais estão sob a dependência do Coordenador, pelo que, qualquer anomalia de traição, vai mudar. “Não existem dois PR’s. Existe apenas um eleito graças ao esforço de todos. Por isso, não haverá dois Coordenadores. Quem quiser o MADEM, que se prepare para o Congresso de Setembro de 2022. Disseram que tenho medo de pronunciar. Agora estou a falar”.
“Temos Presidente graças ao Nuno Nabian”
Na sua enérgica intervenção, várias vezes interrompidas pelos aplausos dos membros do Conselho Nacional, Braima Camará referiu as últimas eleições presidenciais. Disse que não se sentem confortados quando o Presidente da República envia um emissário, clara alusão aos périplos do ministro do Interior, Botche Candé para agradecer ao eleitorado pelo voto nas presidenciais.
Camará entende que essa tarefa deve ser do MADEM G-15, porque foi o partido que suportou Umaro Sissoco Embaló durante as eleições. Foi nessa fase de intervenção que voltou a referir o sofrimento e das cedências que tem feito para poder conseguir os resultados e fazer funcionar a actual aliança governativa.
“Todos vocês aqui criticam os nossos benefícios no Governo. É verdade que as nossas pastas não representam nada. Mas, é importante saberem que são consequências de cedências. Outros dizem até, como é possível, Nuno Nabian, com um deputado apenas ser Primeiro-ministro. É importante saberem que, hoje temos um Presidente da República graças a Nuno Nabian. Sem o Nuno Nabian, não podíamos ter o PR”, assegurou Braima Camará.