Quadros do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM) concluíram que após mais de um ano de governação, o partido não teve qualquer benefício, por isso a melhor solução será abandonar.
Em conferência de imprensa, para esclarecerem sobre o seu posicionamento perante às últimas movimentações no partido, os Quadros do partido denunciaram que, ao longo do período de governação, têm ocorrido nomeações e exonerações sem que os órgãos do partido sejam consultados. Consequentemente, os quadros impuseram 72 horas ao presidente do partido, Braima Camará, para oficializar a saída, sob risco de ver uma intensificação das disputas internas. De momento, os quadros do partido afastam qualquer possibilidade de constituir uma nova maioria, mas querem a convocação de novas eleições legislativas.
A manhã desta sexta-feira 28 de Maio foi muito agitada na sede do MADEM. Um dia depois da exoneração do deputado, e um dos fundadores do MADEM-G15, Bamba Banjai, como Director-Geral da INACEP, os quadros decidiram pôr um ponto final no que consideram ser um “abuso de confiança”.
Após lembrar que o MADEM é o partido com mais peso na coligação, Aliu Cassamá, Secretário Nacional dos Quadros do partido, disse que já não estão em condições para “aturar essa situação”, tendo em conta que o grosso das decisões que são tomadas na governação passa à margem dos órgãos do MADEM.
“A nossa determinação é esta. O partido tem órgãos, e são eles é que devem pronunciar sobre qualquer assunto na governação. Não é isso que tem acontecido e não podemos aceitar”, disse Aliu Cassamá.
Cassamá afirmou ainda que o MADEM está a perder aos poucos o espaço que tinha obrigação de preencher na aliança, porque desde Março de 2020 defenderam a estabilidade e paz social, com cedências para os parceiros do acordo, mas os seus parceiros fazem o contrário.
“Depois da formação do Governo ouvimos tudo. Ouvimos que, o partido não tinha recebido nada, mesmo depois da sua vitória eleitoral. Não tínhamos pastas que podiam motivar dirigentes e militantes, mas aceitamos em nome de paz e estabilidade. Infelizmente, nos últimos tempos, vimos que o partido está a perder espaço e protagonismo na aliança, enquanto é o partido que sustenta o Governo”, explicou.
Recordou também que na remodelação governamental poderia ter saído mais beneficiado, mas voltaram a perder pastas em nome de estabilidade e coesão social. “Como se isso não bastasse, vimos que decisões são tomadas a nível do Governo e o Coordenador Nacional do partido não é consultado. É uma situação dolorosa. Fomos às bases ouvir os dirigentes e militantes e eles disseram que estavam a sofrer. A juventude não tem bolsas, não tem empregos. Isso criou um mal-estar no partido. Não podemos ter essa posição e não dizer nada”.
Cassamá considera que Braima Camará é responsável da situação, tendo em conta a sua postura de viabilizar o acordo. “As pessoas decidiram aproveitar-se dessa condição para abusar. Por isso, estamos aqui hoje para dizer que o partido não ficará à mercê de ninguém que não seja os órgãos”.
Para Aliu Cassamá a intenção e o desejo é deixar a aliança, porque traz benefícios nem proveitos para o MADEM. “O Presidente da República era o candidato do MADEM; a actual vice-presidente da ANP é do MADEM. Todos os instrumentos foram aprovados graças aos esforços do MADEM. Por isso, não se pode estar a tratar o partido como aquele que não tem representação. Queremos a retirada em 72 horas. Que se convoque os órgãos para a tomada de decisão. Os Quadros do partido vão juntar-se a outros para ir as eleições. O cerco está apertado e se ficarmos parados, amanhã não teremos nada para dizer o nosso eleitorado”.
Ao logo da conferencia de imprensa foram citados pelos Quadros vários exemplos que sustentam que o MADEM tem sido “extremamente prejudicado” desde início deste processo. José Nuno Té, dos Quadros do partido, que definiu o actual executivo como “geringonça de desgraça, de sofrimento e de inferno vermelho”, questionou sobre quais foram os ganhos que alguém pode apontar ao MADEM nesta coligação. Perguntou também como é que o MADEM não pode liderar o Governo, se na coligação é quem tem mais deputados e consegue ainda trazer outras vantagens. “São 27 deputados do MADEM. Temos o controlo dos 5 deputados do PAIGC. Se isso é verdade, porquê é que não podemos liderar o Governo”, questionou acrescentando que foi um erro deixar que Nuno Nabiam recebesse a chefia do Executivo.
Para os Quadros a decisão está tomada. O MADEM vai sair do Governo, porque tanto os Quadros como os Jovens, que este sábado devem promover um evento publico semelhante à conferência de imprensa de hoje, exigiram e Braima camará deu garantias.