O Presidente da República (PR) Umaro Sissoco Embaló endereçou no final da tarde desta quarta-feira 30 de Dezembro a mensagem do fim do ano 2020. Sissoco Embaló agradeceu ao povo guineense o ter escolhido para Presidente de “forma limpa” e prometeu resgatar a dignidade do país.
Na sua alocução, Umaro Sissoco Embaló projectou-se nos “próximos 10 anos”, revelando subliminarmente que já tem na mira o segundo mandato presidencial. Assim, para os próximos 10 anos, o PR prometeu grandes desafios e prometeu não ser um presidente “irrelevante”.
O Chefe de Estado elogiou igualmente a postura da Comunidade Internacional que considera que foi imparcial no processo eleitoral, e destacou o facto de a Guiné-Bissau terminar o ano 2020 sem qualquer força acantonada.
“Um novo ano vai começar. Começar um Novo Ano é também uma boa ocasião para celebrarmos a nossa unidade nacional, o orgulho de sermos guineenses. Fidjus di Guiné, gratidão, é a palavra que vos dedico, hoje, quando se passou praticamente um ano, depois da última eleição presidencial. Os guineenses foram às urnas e, livremente, escolheram o seu PR. Com civismo. Sob a garantia de competência e transparência da Comissão Nacional de Eleições. E, ainda sob o olhar atento dos observadores internacionais”, começou por referir na sua mensagem.
Vincando que a sua vitória eleitoral foi inequívoca, Sissoco Embaló disse estar convicto que a sua vitória “foi uma aposta na mudança, uma determinação de gente cansada dos discursos de arrogância, de discriminação negativa e de ódio”. No mesmo momento o presidente manifestou o seu “reconhecimento a todos os observadores internacionais e, em particular, à CEDEAO, Nações Unidas, União Africana, CPLP”, cuja acção o chefe de Estado considera que “foi imparcial. E, muito cedo, soube quem foi o justo vencedor das eleições presidenciais, de Dezembro de 2019”, frisou.
“A nova geração de guineenses precisava (…) poder caminhar de cabeça erguida”
Dirigindo-se aos guineenses com o termo ‘fidjus di Guiné’, o PR afirmou que o Estado guineense, é a unidade política. “Estado piquinino ka tem” – é a frase que tenho repetido mais vezes. Que me serviu para resgatar o sentido de Estado. Reafirmar a cultura de soberania. A nova geração de guineenses precisava tanto desse resgate. Para novamente poder caminhar de cabeça erguida. Confiante. Sem complexos de Inferioridade. Sem medo. Com suporte na nossa auto-estima nacional”, afirmou Sissoco Embaló.
Sobre as questões de segurança, Umaro Embaló disse o ano de 2020 termina sem qualquer Missão Militar estacionada no país e sem uma Missão Política de acompanhamento. “Tudo isso acabou de vez. A consequência desta política de Estado, é evidente. Devolvemos dignidade às Forças Armadas guineenses, símbolo da nossa Identidade nacional. Duas paradas militares – do dia 24 de Setembro e do dia 16 de Novembro – demonstraram uma coisa muito importante. O povo guineense voltou a respeitar e a orgulhar-se das suas Forças Armadas”, destacou o Presidente da República.
“O bloqueio político da IX legislatura não voltará a repetir-se”
Em relação às infra-estruturas, Embaló disse que Bissau está neste momento com obras de requalificação de algumas artérias. “Os seus efeitos na circulação rodoviária vão ser, certamente, muito positivos. Mas tudo isto foi “apenas” o resultado de um ambiente diplomático novo, de simpatia, de pragmatismo, de solidariedade”, disse.
Para o chefe de Estado a “reforma política é indispensável. O longo bloqueio político, que reduziu a IX Legislatura a uma situação de falência da nossa instituição parlamentar, é uma lição para hoje e para o futuro. A lição de que esse passado não poderá voltará a repetir-se”, garantiu o Chefe de Estado.
O PR lamentou as consequências negativas da pandemia da Covid-19 que repercutiu-se no estado de saúde da população, mas também no desempenho escolar das crianças e jovens, na actividade económica, que foram afectadas, “com maior ou menor intensidade”.
“Sendo a Guiné-Bissau um país pobre e, decorrente disso, com um sistema de saúde público, longe de ser completamente resiliente ao choque da pandemia, o Estado não poupou esforços, desde o início, para debelar e controlar a anunciada crise sanitária. Foi criada, por decreto Presidencial, a Alta Autoridade de Luta contra a Covid-19, que permitiu agilizar, no plano funcional, quer o acompanhamento quer a resposta aos riscos e às ameaças derivadas da evolução da pandemia”, disse o presidente.
Em relação ao futuro, Sissoco Embaló considerou que com a sua eleição como Presidente da República, abriu-se um novo ciclo político na Guiné-Bissau. “Ganhei a disputa eleitoral. Mas não é para me tornar, simplesmente, “mais um Presidente”, um presidente de turno, entregue à rotina, à velha tradição de um exercício presidencial muito próximo da irrelevância. Ganhei para mudar. Ganhei para reformar. Ganhei para retirar a Guiné-Bissau do ponto morto em que se encontrava ‘encravado’, há décadas. Mudar e reformar, mas sempre com suporte nos preceitos constitucionais”.
Em termos de balanço do seu desempenho, o PR afirmou, sem qualquer exagero (segundo as suas palavras), os seus dez primeiros meses de mandato, já forneceram bastantes provas de que a situação está a mudar. “Vai continuar a mudar para corresponder às legítimas aspirações dos guineenses”, prometeu o PR.
“É este o compromisso que assumi com o povo guineense. Um compromisso que venho renovar, hoje, nesta mensagem de Novo Ano. Com o novo ciclo político já em curso, o ano de 2021 marca também o início de uma década – a década de 2021-2030. Vão ser 10 anos de grandes desafios. Um tempo desafiante para a minha geração – que chamo de “geração do concreto”, sublinhou Umaro Sissoco Embaló.