A 16 de Janeiro, no último dia do VIº Congresso ordinário do Partido da Renovação Social (PRS) foi reeleito Alberto Nambeia, para um terceiro mandato como o presidente do partido.
Alberto Nambeia chegou ao VIº Congresso doente, não apresentou o relatório de actividades nem de contas do último mandato, e regressou a Portugal logo após a vitória, sem definir quem é quem no partido.
Como presidente cessante, Alberto Nambeia esteve apenas um dia na sala do Congresso e teve um discurso de menos de dois minutos. Abandonou o local do Congresso, em menos de 5 minutos depois de terminar o seu micro discurso. No dia da votação para a eleição do Presidente, apenas a Mesa do Congresso anunciou que chegou para votar, mas não foi visto a dirigir-se para as cabines de votação que estavam à vista de todos, sendo que, a única possibilidade foi exercer o direito de militância no seu carro. Ganhou, mas não proferiu o clássico discurso de Consagração como não participou na formação dos povos órgãos do partido. Foi um Alberto Nambeia ausente e mudo, pelo menos no Congresso.
Embora sem se apresentar qualquer comprovativo médico, comenta-se ainda nas hostes do PRS, sobretudo os seus opositores que, o reeleito presidente padece de uma doença com qual não pode estar nos espaços de muita pressão. E o Congresso, tendo em conta o ambiente tenso, não era aconselhável a sua presença.
Mesmo assim superou a concorrência com a diferença de um voto. Voto que muitos candidatos, tais como Artur Sanhá não reconhece considerando que se deveria ir para uma segunda volta. Aliás, só não se insistiu na segunda volta, porque antes da concertação entre os derrotados para uma tomada de posição sobre os resultados, Dionísio Cabi, terceiro mais votado, assumiu a derrota. Em consequência desse posicionamento, Mário Fambé, segundo classificando acabou por desistir, embora horas antes o seu mandatário, Sambé Nawana (Tibna) reclamava efusivamente a necessidade de uma segunda volta.
Tudo isso aconteceu longe do olhar de Alberto Nambeia. Sempre em casa, seguindo os trabalhos do Congresso pelas informações que os seus mais fiéis lhe transmitiam. Alberto Nambeia esteve em Bissau apenas para cumprir as formalidades estatutárias. Dizem os Estatutos que as pessoas só podem ser eleitas se participarem no Congresso. E o seu discurso de abertura foi o único sinal de participação. A sua moção de estratégia foi apresentada por Carlitos Barai e “as declarações de consagração” foram proferidas pelo seu mandatário, Pedro da Costa. Tudo em representação. Alberto Nambeia fez-se representar até na posse dos vice-presidentes.
Serão oito vice-presidentes, contra seis no último mandato. Tal como no passado, também não serão hierarquizadas. O presidente indicará sempre quem irá substituir em caso de ausência.
No dia em que regressou a Portugal, quatro dias depois de o Congresso terminar, foi visto numa cadeira de rodas já no avião. Para trás, ficou muito trabalho ligado à estruturação, nem a direcção não foi constituída, embora fala-se em alguns nomes indicados e com a sua aprovação.
Militantes próximos a Nambeia não escondem a preocupação com a situação prevalecente, tendo em conta que a possibilidade de recuperação no imediato é bastante remota. Ou seja, Alberto Nambeia saiu de Bissau sem qualquer previsão de regresso.
Foco de conflito: veteranos e jovens para uma direcção instável
Há 12 anos a frente do PRS, Alberto Nambeia é conhecido como ‘líder de job for the boys”. Tendo em conta as suas limitações, o presidente era acusado de apostar nos jovens para poderem recompensá-lo com algo. Em consequência disso, instalou-se uma crise latente entre os jovens e os veteranos do partido. Os veteranos consideram-se excluídos sem poderem pronunciar, porque Alberto Nambeia ouvia preferencialmente os jovens.
Mesmo assim este congresso reaproximou alguns veteranos ao projecto Nambeia. Figuras como Carlitos Barai e Pedro da Costa, outrora distantes, foram chamados para funções chave na candidatura e um destes irá integrar a Direcção.
Tcherno Djaló, que igualmente esteve afastado, por em 2019 o partido não apoiar a sua candidatura presidencial, levando-o mesmo a desistir, aproximou-se e deverá ser um dos vices. Lassana Fati, eterno vice de Nambeia vai manter funções, no entanto Matina Munioz, uma veterana na direcção, irá sair, como também sairá Florentino Mendes Pereira e Certório Biote, outrora apoiantes de Alberto Nambeia, mas que neste congresso avançaram como candidatos. A direcção vai ter uma mulher, cujo nome ainda não foi revelado. Orlando Viegas e Nicolau dos Santos serão dos principais vice-presidentes. Nicolau dos Santos vai passar pela primeira vez como membro da Direcção. Dos jovens de Alberto Nambeia, Fernando Dias, actual ministro da Administração Territorial deverá entrar como um dos vice-presidentes, enquanto Felix Nandunguê, outro jovem próximo d Nambeia assumirá o cargo de Secretário-geral Adjunto.