Seis anos depois de Domingos Simões Pereira (DSP) assumir a liderança do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ouvem-se as primeiras vozes de protesto contra o líder dos Libertadores.
Alguns militantes do PAIGC que reclamam a reconciliação no partido e no país, já minimizam a polémica em torno dos resultados eleitorais das presidenciais de 2019 e vêm Domingos Simões Pereira, ex candidato e presidente do PAIGC, como um problema para no partido.
O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló foi um dos que envolveu-se no pretenso processo de reconciliação, mas a Direcção do PAIGC desvaloriza categoricamente os promotores da iniciativa.
Depois dos resultados eleitorais de 29 de Dezembro, o país entrou em crise profunda. A crise provocou uma indefinição sobre o que pode acontecer a curto e médio prazo, existindo enormes expectativas sobre o pronunciamento das Nações Unidas, e no PAIGC, tudo está indefinido.
Em função desta indefinição, um grupo de militantes encabeçados por Vladimir Deuna, ex-militante do MADEM que apoiou a candidatura de Domingos Simões Pereira na segunda volta das presidenciais, decidiu promover o que designa de reconciliação na família do PAIGC.
Uma iniciativa que não conta com o aval da actual direcção do partido, que nunca pôs em causa a liderança de Domingos Simões Pereira.
Vladimir Deuna iniciou o processo com um encontro com o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que é acusado pelo PAIGC de estar determinado a destruir o partido.
O encontro teve lugar na sexta-feira, 21 de Agosto, sob forte cobertura mediática. No final do encontro Vladimir Deuna optou por fazer alusão sobre os resultados eleitorais e apontar Domingos Simões Pereira como “um azar” do PAIGC.
Acompanhado por mais três militantes do partido, Vladimir Deuna destacou também a disponibilidade de Umaro Sissoco Embaló em apoiar no for necessário para que o PAIGC normalize o ambiente interno e que reocupe a sua posição enquanto partido Libertador.
Deuna considerou ser “desnecessário” o impasse político em torno dos resultados eleitorais, porque, foi “limpa” a vitória de Umaro Sissoco Embaló, sendo “má-fé” os protestos do seu adversário Domingos Simões Pereira.
DSP é “um problema para o país”, diz Deuna
O ideólogo do processo de reconciliação prometeu juntar as diferentes tendências no PAIGC e as demais formações políticas para que sejam priorizados os interesses do país. Porém, para Vladimir Deuna, o Presidente do PAIGC é “um problema para o país” e sublinhou que Domingos Simões Pereira “nunca progrediu o partido desde que chegou à liderança”.
A Direcção do PAIGC minimizou a iniciativa de Vladimir Deuna que qualifica de um “militante irresponsável” que não conhece os ideais do partido.
Os ataques a Vladimir Deuna tiveram eco nas redes sociais, onde um elevado número de cibernautas o qualificaram de “espião”, devido às suas constante mudanças partidária. Há quatro anos apresentou-se como militante do PAIGC, dois anos depois do MADEM e nas presidenciais anunciou o regresso ao PAIGC.
Para já está afastada qualquer possibilidade de Vladimir Deuna ser recebido pelo PAIGC com este pretexto de reconciliação e no interior do partido fala-se na possibilidade de Deuna ser incluído no grupo de militantes que recentemente “traíram” o partido na Assembleia Nacional Popular.
Apesar das criticas e ataque de que está a ser alvo, Vladimir Deuna é a primeira voz a levantar-se contra o presidente do PAIGC e assumir o desaire eleitoral do PAIGC.