O cidadão equato-guineense Feliciano Olo Ovono, que se apresenta como funcionário das Nações Unidas na Guiné Equatorial, é responsável por um áudio que se tornou viral nas redes sociais, avançou o “Diario Rombe”.
O conteúdo do áudio, gravado horas após uma reunião em que Olo Ovono participou como funcionário da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), juntamente com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) na Guiné Equatorial, esclarece que o principal motivo do encontro foi “explicar o progresso da Covid-19 na Guiné Equatorial”.
Preocupado com a informação que os representantes da ONU transmitiram aos participantes, Olo Ovono tentou impedir que os equato-guineenses não seguissem as recomendações das Nações Unidas para combater esta pandemia, alertando os cidadãos a “serem muito cuidadosos com o coronavírus, por ser muito grave”.
De acordo com a fonte, “existe uma grande possibilidade de que, dentro de três semanas, ocorra um tremendo colapso das mortes por Covid-19”, o que implica que, “depois de três semanas, a Guiné Equatorial e muitos países africanos sofrerão o que a Europa sofreu semanas atrás e continua a sofrer”.
O membro da UNESCO acusou o país de não estar a informar o que realmente se passa e, dois dias após ter feito a gravação para alertar a população, que foi partilhada por milhares de cidadãos através do WhatsApp, a coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas na República da Guiné Equatorial, a senegalesa Mady Biaye, decidiu divulgar um comunicado.
No documento é referido que as Nações Unidas tentaram desvincular Olo Ovono dessa organização e que o visado não passa de “um motorista contratado pelo escritório local da UNESCO”. Biaye, que mantém, alegadamente, excelentes relações profissionais e privadas com as autoridades do Regime da Guiné Equatorial, acrescentou que no polémico áudio “as afirmações e acusações feitas por essa pessoa não refletem a opinião da representação da UNESCO nem do Sistema das Nações Unidas na República da Guiné Equatorial”, além de as mesmas violarem “os procedimentos e os regulamentos do pessoal empregado pelas Nações Unidas”. Antes deste ocorrido, disse ainda, a UNESCO já tinha aberto um arquivo disciplinar contra o funcionário.
Segundo a publicação, Feliciano Olo Ovono foi detido e interrogado durante mais de cinco horas, tendo depois sido libertado pelas autoridades equato-guineenses.