Um grupo de Jornalistas de diferentes órgãos de comunicação social sedeados e com representação na cidade de Nampula foram, na passada quinta-feira 24 De Março, intimidados pelos assessores do chefe da brigada Central da FRELIMO em assistência à mesma província, Eneias Comiche, e impedidos de questionar ao dirigente, que também é edil da cidade de Maputo, sobre as polêmicas taxas de poluição sonora e entre outras que agitam a opnião publica.
Segundo os jornalistas, o facto ocorreu por volta das 12 horas, na sala de sessões do Comité Provincial do Partido FRELIMO, quando estes posicionavam o seu equipamento para a conferência de imprensa de balanço da visita, de uma semana, realizada por Eneias Comiche àquela província.
Em diálogo sobre as possíveis perguntas, os jornalistas manifestaram vontade de, além de outras questões, abordar a polémica taxa de poluição sonora na cidade de Maputo, ao que os assessores declinaram. De acordo com os jornalistas presentes no local, um dos assessores chegou mesmo a afirmar, em tom de ameaça, que “Eu não vou permitir que isso aconteça. Quem abordar este tema aqui vai se dar mal, aqui estamos a tratar assuntos partidários.”
Intimidados, os jornalistas cumpriram com as ordens do assessor do Eneias Comiche, mas não deixaram de lamentar o sucedido, junto da assistente de imprensa do Secretário do Estado de Nampula, Yolanda Dambi, a quem estes imputam a responsabilidade de ter influenciado para que tal interferência e intimidação ocorresse.
Em virtude desta ocorrência, o MISA-Moçambique condena viementemente este e quaisquer actos de interferência no trabalho dos jornalistas. Faz lembrar, ainda, que a cobertura jornalística de eventos de índole político, social, económico, ou qualquer outro, não pode e não deve ser condicionada ao tipo de perguntas a serem feitas.
O MISA entende que, não estando predisposto a falar de determinados temas, o entrevistado ou seus assessores podem usar os mecanismos apropriados e legalmente previstos para manifestar a sua indisponibilidade, sem recurso à ameaça, lembrado, porém, que ao servidor público recai a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir a Lei do Direito à Informação, independentemente da sua filiação partidária, sobretudo quando o assunto em causa está directamente relacionado à sua gestão.
Aurelio Sambo