Moçambique: Braço de ferro entre Governo e Médicos continua

A Associação Médica de Moçambique (AMM) afirmou, em conferência de imprensa, no final da semana passada, que os médicos se sentem indignados com o Governo, pelo não cumprimento das promessas mesmo tendo avançado com prazos e dizem que não vão suspender a greve nacional em curso.

Os profissionais de saúde queixam-se de intimidações e dizem que o Governo ainda não está a resolver as suas preocupações. “Estamos no 17º dia da greve dos médicos, mas ainda não fomos contatados pelo Governo. Temos apenas recebido recados através da imprensa sobre a situação económica do país. Nós, como médicos, temos consciência das dificuldades financeiras que o país enfrenta e foi com base nisso que a classe médica cedeu em quase todas as reclamações que constavam do caderno reivindicativo inicial”, explicou Milton Tatia, presidente da Associação Médica de Moçambique.

O Ministério da Saúde garantiu que o problema de enquadramento estaria completamente resolvido até 13 de Julho, o que, segundo a Associação Médica, não aconteceu, pois “diariamente chegam-nos informações de que esta situação não foi resolvida. Por exemplo, alguns colegas dos distritos de Nampula tiveram os seus enquadramentos reduzidos, alguns do nível 17 para 14, outros de 18 para 16. Ainda ontem recebemos informações de uma colega do Hospital Central de Maputo que viu o seu salário reduzido em sete mil Meticais”, refere fonte da AMM.

Desta forma, os profissionais de saúde que se queixam de intimidações e da revisão do seu estatuto afirmam que não há condições para voltar a trabalhar. “Temos notado intimidações que levam à marcação de faltas, mesmo aos colegas que prestam serviços, então não acreditamos que estes problemas sejam resolvidos.”

Entretanto o Filimão Swazi, porta voz do conselho de Ministro, disse, ontem, que o Governo já resolveu a maior parte das reivindicações dos médicos. Por outro lado, O Ministério da Saúde reiterou, a sua abertura ao diálogo com os médicos.

O Ministro da Saúde, Armindo Tiago, questionado à margem do lançamento da campanha de vacinação contra o sarampo, sobre as possíveis soluções para travar a greve dos médicos, reiterou que o ministério da Saúde está aberto ao diálogo para resolver a reivindicação salarial dos médicos.

Por seu lado, o Diretor Nacional de Saúde Pública, Quinhas Fernandes, assegurou que “o governo mantém abertura para o diálogo e todas as questões que deviam ser resolvidas durante o mês de julho já estão resolvidas, como têm estado a acompanhar através dos meios formais do ministério”.

A AMM irá reunir-se na sexta-feira para decidir se mantém a greve de 21 dias.

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