Um relatório sobre terrorismo publicado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA) indica que a província moçambicana de Cabo Delgado é um local de abrigo de terroristas.
Moçambique foi considerado na lista de “portos seguros para terroristas” como um país com capacidades inadequadas de governação, onde os insurgentes conseguiram infiltrar-se.
Cabo Delgado é assim considerada uma das áreas físicas “onde os terroristas são capazes de se organizar, planear, arrecadar fundos, comunicar, recrutar, treinar, transitar e operar com relativa segurança, devido à capacidade inadequada de governação, falta de vontade política ou ambos”.
No mesmo documento, divulgado pela “Folha de Maputo”, pode ler-se que a violência causada pelo grupo terrorista ISIS-Moçambique resultou na morte de cerca de 1.500 pessoas e na deslocação de mais de 500 mil pessoas em 2020. Nessa altura ter-se-á registado um aumento de 130% do número de ataques, comparativamente a 2019.
De acordo com os EUA, na província moçambicana em questão o grupo terrorista “assumiu o controlo de quantidades significativas de território” e “teve uma liberdade de movimento considerável ameaçando valiosas instalações de gás natural” com múltiplos ataques em quase todas as semanas do ano passado.
Neste sentido, “tanto o Governo moçambicano como os parceiros regionais tiveram dificuldades em responder eficazmente à ameaça” e, no final de 2020, o ISIS-Moçambique “estava efetivamente à rédea solta em grande parte de Cabo Delgado”.
O documento refere ainda que “a pandemia global de covid-19 complicou o cenário terrorista”, uma vez que as organizações terroristas “adaptaram as suas abordagens e apelos” e usaram a Internet para “continuar a radicalizar, incitar à violência e inspirar ataques”.