O Governo moçambicano, apoiado pela Frelimo, implementou “guias-de-marcha” no auge da guerra civil no país. Agora, as mesmas estão de volta através das autoridades de Nangade, na província de Cabo Delgado, avança a “Carta de Moçambique”.
Segundo as autoridades locais, o objetivo dessas guias é controlar a movimentação de pessoas e de bens no território nacional para evitar a infiltração de homens armados da Renamo e o transporte de armas para abastecer esse grupo.
O documento está a ser usado no distrito de Nangade e visa assim o combate à movimentação de terroristas e de pessoas responsáveis pela logística do grupo. Segundo a mesma publicação, a emissão das “guias-de-marcha” custa 100 meticais (1,4 euros), sendo válido apenas para cada viagem.
Trata-se de um documento emitido pelos secretários dos bairros e exigido em todos os postos de controlo, bem como de entrada e saída do distrito. Para sair de uma aldeia para outra, por exemplo, é necessário apresentá-lo.
Segundo fontes locais, a situação está a causar revolta em grande parte das famílias, devido à incapacidade financeira das mesmas para custear as despesas de emissão do documento, que dizem ter-se tornado mais importante do que o próprio Bilhete de Identidade.
O distrito de Nangade é um dos mais afetados pelos frequentes ataques terroristas, havendo ainda alguns focos de resistência por parte dos insurgentes. À semelhança de Macomia, Muidumbe e Quissanga, Nangade encontra-se atualmente sob controlo das tropas moçambicanas e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla inglesa).