O ex-secretário-geral da Renamo Manuel Bissopo defendeu nesta segunda-feira, 13 de janeiro, que a liderança do maior partido da oposição em Moçambique deve assumir os guerrilheiros acusados de protagonizar ataques armados no Centro do país desde agosto do ano passado. Para o político, a solução para conter a violência armada tem de ser interna.
“A liderança da Renamo tem de assumir estes guerrilheiros. Esta é solução rápida, viável e que evita a guerra: uma solução interna”, defendeu em conferência de imprensa na cidade da Beira, na província de Sofala.
Os ataques a que o político se refere são aqueles registado nas estradas nacionais 01 e 06, nas províncias de Manica e Sofala, o que já causou 21 vítimas mortais. A autoria destes incidentes tem sido atribuída à autoproclamada Junta Militar da Renamo, constituída por um grupo de guerrilheiros dissidentes da formação política que exige a renegociação do acordo de paz assinado em 06 de agosto de 2019 e a demissão do atual líder, Ossufo Momade.
Até ao momento, a Renamo tem-se afastado sempre de qualquer ligação com o grupo, classificando-o de desertor, e acusado a Polícia da República de Moçambique (PRM) de querer empurrar a organização política para uma guerra, uma vez que as autoridades culpam-na pelo sucedido.
No entanto, Bissopo considera que a Renamo não pode fugir da sua responsabilidade e que Momade tem de encontrar maneira de dialogar com o grupo dirigido por Mariano Nhongo, um general da guerrilha do partido.
“É preciso inteligência para que se controlem os ânimos. Tem de existir uma solução imediata e interna. Não há como dividir a Renamo em duas”, expôs, alertando que se as coisas permanecerem como estão será a “autodestruição da Renamo”.
“O processo de desmobilização não está a acontecer e ninguém está a falar sobre isso. Os soldados da Renamo estão há quase três anos no mato. É preciso que a direção do partido tenha a coragem de resolver este aspeto”, acrescentou.