O Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização da sociedade civil que luta pela transparência, integridade e é contra a corrupção na gestão pública, divulgou o relatório de estudo sobre os custos e consequências das dívidas ocultas em Moçambique.
O documento menciona essas dívidas contratadas entre 2013 e 2014 por um grupo de empresários estrangeiros corruptos e altos funcionários do Governo moçambicano, no valor de dois biliões de dólares norte-americanos (USD).
Esses dados foram apresentados pelo diretor do CIP, Edson Cortez, indicando os mesmos que os custos da referida fraude aos moçambicanos atingiram 11.3 biliões de USD só nos anos 2016-2019, o que representa uma média de 403 USD por cidadão.
Cortez disse ainda que está programado, nos próximos dez anos, o pagamento de Moçambique de cerca de 4 biliões de USD adicionais em custos diretos (serviço da dívida), sem contar com o incalculável prejuízo económico que vai continuar.
O CIP contextualizou no documento que a história das dívidas ocultas no país começou quando, depois de 2010, indivíduos numa empresa franco-libanesa de construção naval baseada no Médio Oriente, a Privinvest, fizeram contacto com gestores no banco Credit Suisse e algumas pessoas ligadas ao Governo moçambicano com a proposta de um negócio bilionário.
Pressupunha-se do princípio que, devido às receitas futuras decorrentes da exploração do gás recém-descoberto na bacia de Rovuma, Moçambique poderia aceitar recursos financeiros dos bancos com a promessa de que facilmente teria a capacidade de reembolsá-los. No entanto, a situação acabou por tornar-se num problema.