O antigo chefe dos serviços de informação económica do Serviço de Segurança de Moçambique (SISE), António do Rosário, declarou durante o julgamento das “dívidas ocultas” que parte do trabalho da Empresa de Atum de Moçambique (EMATUM) foi realizado pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS). A informação foi divulgada esta terça-feira, 12 de outubro.
No entanto, continuou, tal não poderia ser admitido publicamente “porque poderia assustar os bancos”. Esta afirmação foi feita durante o quinto dia consecutivo do depoimento de António do Rosário no Tribunal da Cidade de Maputo.
Recorde-se que este arguido, um dos 19 suspeitos das “dívidas ocultas”, é acusado de crimes como peculato e lavagem de dinheiro.
A declaração que o ex-membro do SISE fez significa que a pesca do atum era, em parte, uma fachada para atividades de segurança. Mas a resposta não convenceu a procuradora Sheila Marrengula, que disse não existir nada sobre defesa e segurança nos estatutos da empresa EMATUM, nem no estudo de viabilidade.
Quando questionado sobre se havia alguma evidência para sua alegação, o réu respondeu que “a única prova é a transferência de equipamentos da EMATUM para o Ministério da Defesa”. Segundo a mesma fonte, a frota EMATUM era o único meio de que as FDS dispunham para vigiar toda a Zona Económica Exclusiva de Moçambique, desde a fronteira sul-africana até à fronteira com a Tanzânia.