O antigo Presidente da República moçambicana, Joaquim Chissano, considera que o caso das dívidas ocultas, cujos contornos foram recentemente despoletados pela justiça norte-americana devido à detenção do ex-ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, deve servir de lição para que o país saiba evitar situações semelhantes.
Chissano declarou à “Rádio Moçambique” que espera, acima de tudo, que a justiça envolvida no processo saiba ir pelo caminho certo. “As instituições de justiça, seja em Moçambique, África do Sul ou Estados Unidos da América, vão saber ir pelo caminho da justiça. É esse esclarecimento que nós gostaríamos de ter e não termos apenas punição por punição, mas sim uma clareza”, acrescentou.
O ex-governante defendeu o repatriamento de todos os valores que poderão estar, ilegalmente, na posse de Chang, que está atualmente detido na África do Sul, onde é acusado por um tribunal norte-americano de vários crimes financeiros, num escândalo que envolve mais de dois bilhões de dólares.
Joaquim Chissano disse não ter dúvidas que a questão das dívidas ocultas será usada pelos partidos da oposição para criticarem a Frelimo e deixou um aviso aos membros da referida força política. “Evidentemente que isso tudo vai ser utilizado pela oposição do partido. Mas acho que o partido tem que ser íntegro e analisar, por isso, uma maior clareza sobre o que se passou, como se passou, é necessária para que o próprio partido também possa tomar as medidas necessárias para que isso não aconteça mais dentro do partido, por indivíduos do partido”, sublinhou.
Para o antigo Chefe de Estado e também ex-presidente da Frelimo, esta organização política deve analisar o escândalo das dívidas ocultas com clareza e profundidade, considerando que a mesma tem de purificar as suas fileiras. “Uma maior clareza para que se perceba o que se passou é necessário para que isso não volte a acontecer. É preciso que haja clareza para criarmos instrumentos para purificação das fileiras do nosso partido”, reforçou.