Foi realizado ontem, 14 de março, no Cemitério de Michafutene em Maputo, o funeral do rapper e ativista social Edson da Luz, conhecido no mundo artístico como Mano Azagaia, antecedido de velório no Paços do Conselho Municipal de Maputo, às 8:00 horas.
Edson da Luz perdeu a vida na passada quinta-feira, 09 de março, na sua residência no bairro Khongolote, arredores da Cidade da Matola (província de Maputo), vítima de um ataque epiléptico.
Centenas de pessoas que estiveram no velório quiseram acompanhar a urna de Azagaia até à sua última morada, entoando trechos musicais da autoria do músico dentre os quais “ladrões, corruptos fora”, O trajecto do cortejo fúnebre gerou confusão entre a Polícia da República de Moçambique (PRM) e os populares que seguiam o carro contendo a urna.
Foi preciso que a viúva de Mano Azagaia, Rosa da Luz, acompanhada pelas suas filhas e familiares, suplicasse à agentes da PRM para que deixasse o cortejo seguir. “O que eu vos fiz? Que mal vos fiz? Eu só quero enterrar o meu marido, por favor. Controlem a população, mas deixem-nos passar. Porquê não podemos passar? Deixem-me enterrar o meu marido com dignidade”, suplicou Rosa da Luz, viúva da Azagaia.
De acordo com o Comando-geral da PRM, o objectivo da presença policial não era proibir a continuidade do cortejo fúnebre, mas garantir que decorre a passagem por aquela zona sem sobressaltos nem ânimos por parte dos populares que já nos paços do município cantavam de coro a exigência da presença do presidente da república nas cerimónias de Azagaia, ignorando a presença da Ministra da Cultura e Turismo, Edelvina Materula, entre outras figuras do governo que participavam do velório.
Já no cemitério de Michafutene, em Marracuene, a urna foi recebida por uma grande moldura humana. Muita gente queria despedir-se e render a última homenagem ao músico. A cerimónia terminou uma hora depois do previsto no programa.
Na sexta-feira 10 de Março, o músico foi homenageado durante uma vigília que teve lugar no bairro Malhangalene, na cidade de Maputo e em outras cidades nacionais, também na Cidade Luanda em Angola.
O músico Edson da Luz ou simplesmente Mano Azagaia, autor d’”A Marcha”, iniciou a carreira musical com 13 anos, aliando-se ao rapper Escudo, com quem formou o grupo Dinastia Bantu. Juntos lançaram, em 2005, o álbum Siavuma.
Em 2007, já a solo, Azagaia lançou seu primeiro álbum: “Babalaze”. Depois de cinco anos (2013) publicou a sua segunda obra discográfica: “Cubaliwa”. Em 2019 disponibilizou a EP [Extended Play] “É Só Dever”.
Entre várias músicas que marcaram a carreira do artista, destacam-se temas como “As Mentiras da Verdade”, “Povo no Poder”, “Combatentes da Fortuna”, “A Minha Geração”.
Um dos melhores rappers da Lusofonia, Azagaia colaborou com vários músicos, com destaque para Valete, MCK, Jimmy P, Duas Caras, Stewart Sukuma, Dama do Bling, Banda Likuti, Ras Haitrm, Júlia Duarte, Iveth, entre outros.
Aurelio Sambo – Correspondente