O Governo moçambicano admitiu que em 2050 o país irá ter cerca de 60 milhões de habitantes. A previsão foi feita numa altura em que cada vez se fala mais em como tirar proveito do “dividendo demográfico”, uma vez que metade dos moçambicanos são jovens.
“Para 2020, o ano corrente, a nossa população está projetada em 30.066.748 habitantes, as províncias de Nampula e Zambézia continuam a ser as mais populosas do país. Para 2050 a projeção indica cerca de 59.957.266 habitantes em Moçambique”, disse aos jornalistas o vice-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Filimão Suazi.
Na recente conferência sobre “Pobreza, Desigualdades e Modelos de Desenvolvimento”, realizada em Maputo e organizada pelo Observatório do Meio Rural, o académico moçambicano António Francisco afirmou que existe um grande consenso sobre a necessidade de redução da mortalidade, principalmente de crianças e das mães, mas nem todos concordaram com a necessidade de reduzir o número de filhos.
“Nós estamos a falar do dividendo demográfico, e agora tornou-se uma bandeira, mas o que eu vejo aí é uma subtil forma de negar a demografia. Queremos dizer às pessoas ‘tu podes ganhar o jackpot sem jogar’. Como não temos coragem de falar da questão da fecundidade…”, acrescentou.
O académico alertou que os biliões de dólares desejados em receitas para o Estado, vindos da exploração do gás natural existente na Bacia do Rovuma, não chegarão para compensar o crescimento da população moçambicana.
“A necessidade de expansão de capital e infraestruturas para cobrir o crescimento populacional de três por cento o Produto Interno Bruto deveria estar nos 14 por cento”, em vez dos sete a oito por cento projetados para a próxima década em Moçambique, concluiu.