A chuva que cai desde dia 05 de Janeiro, já está a causar danos em Moçambique, com destaque para a província de Maputo, onde algumas áreas de cultivo são dadas como perdidas. A circulação rodoviária em algumas vias que dão acesso a determinados povoados nos distritos de Magude, Manhiça, Marracuene, Boane e Matutuíne também se encontra condicionada.
O distrito da Manhica, por exemplo, tem mais de 1400 hectares de culturas inundados. Destes, mais de 400 hectares são dados como perdidos. Fonte do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) em Maputo refere que a chuva afecta no presente momento 362 famílias no distrito da Manhiça. Este distrito perdeu ainda cerca de 835 hectares de culturas de milho, abóbora, batata-doce e mandioca.
Em Matutuíne, vias como Pedreira-Catuane e Salamanga-Matchia encontram-se intransitáveis. Há inundações nos povoados de Gueveza, Vumendava, Txovane, Mabondoene, Malanxote e Guenga, tendo afectado 600 camponeses.
A circulação de pessoas na “ponteca” que liga a vila municipal de Boane e oito bairros, onde vivem cerca de 22 mil pessoas em risco de isolamento. A interdição deve-se ao facto de a infra-estrutura ter sido “engolida” pela água da chuva.
Até à manhã de hoje, 10 de Janeiro, era possível ver um enorme volume de água a passar pelo rio Umbeluzi e as pessoas também iam passando contra todos os riscos. Já que a “ponteca” está submersa, as autoridades interditaram a passagem de pessoas e veículos, mas há quem ousasse a passar.
Uma dessas pessoas é José Luís que queria passar com tractor. Ele sabe do risco e diz não haver outra alternativa. “O presidente da Autarquia da vila de Boane, Jacinto Loureiro, disse ontem que não devemos usar a ponte, mas não temos outras”, justificou a razão da sua ousadia. Pedro Maibasso, mesmo vendo o perigo e empurrando sua bicicleta, desejava atravessar. “Aquele barco, que dizem ser gratuito, não vai levar a minha bicicleta sem me cobrar, por isso vou atravessar, tal como fiz ontem”, referiu.
A Polícia Municipal de Boane chegou à zona de Mazambanine e mandou interditar o uso do drift para o trânsito de peões. Assim, a solução encontrada foi alocar uma embarcação do Instituto Nacional de Gestão de Desastres Naturais (INGD), que garante a ligação entre as duas margens.
O distrito de Marracuene também tem diversas culturas agrícolas submersas e a estrada que liga os povoados de Machubo e Maragra se encontra intransitável.
Aurelio Sambo – Correspondente