O arguido e empreiteiro Fabião Mabunda admitiu nesta segunda-feira, 13 de setembro, em tribunal, que recebeu dinheiro da Privinvest, empresa acusada de pagar subornos. A audição decorreu durante o julgamento das “dívidas ocultas”.
Ainda segundo Mabunda, a quantia foi transferida para Ângela Leão, arguida e mulher do antigo diretor do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), também acusado no processo das “dívidas ocultas”. O réu confessou igualmente que efetuou pagamentos de diversos serviços e bens ligados a obras de construção e à compra de imóveis da família de Gregório Leão.
Estas foram as respostas dadas às perguntas do Ministério Público de Moçambique, durante o julgamento que decorre no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo. O réu disse no seu depoimento que aceitou pagamentos em várias parcelas de empresas do grupo Privinvest.
O negociador da empresa é o cidadão libanês Jean Boustani, acusado de ter pago subornos aos envolvidos nas polémicas dívidas. Fabião Mabunda afirmou que a sua empresa de construção civil assinou, com uma pessoa que se identificou como estando ao serviço da Privinvest, um contrato de empreitada que seria executado na doca do porto de Maputo, o que nunca chegou a acontecer.
“O que me espantou, digníssima [magistrada do Ministério Público], é que um tempo depois me ligaram [a dizer]: ‘vai receber dinheiro na sua conta’”, acrescentou. Assim, explicou, a transferência bancária terá sido realizada antes de as partes assinarem o acordo de execução de obras na doca.
Quando confrontado com provas de muitos dos serviços e bens que disse ter pago, Mabunda alegou várias vezes que perdeu muita documentação, na altura em que a sua empresa encerrou na sequência da sua detenção, em 2019, no âmbito do processo das “dívidas ocultas”.