Moçambique: Mineradora Vulcan está a cancelar contratos sem justificação

O Diretor Executivo da Confederação das Associações Económicas – CTA, Eduardo Sendo,  revelou, no final da semana passada, que a mineradora Vulcan está a cancelar contratos com fornecedores, depois da saída da Companhia brasileira Vale. “Nós temos vindo a receber várias reclamações de empresários e não é só revisão, mas também cancelamento de contratos e sem a devida justificação, para atribuir a outras empresas, particularmente, indianas”, disse Eduardo Sengo.

Sengo, também denunciou o facto de a Vulcan, que explora carvão mineral em Moatize, na Província de Tete, cancelar os contratos sem indemnizar os vencedores dos respetivos concursos. “Quando se cancela um contrato, a empresa deve ser indemnizada por alguma razão, mas nem isso acontece,” avançou o Diretor Executivo do CTA.

Na ótica do responsável da Confederação, a justificação da subida dos preços de carvão no mercado internacional avançada pela Vulcan é falsa, até porque quando a Vale abandonou o mercado moçambicano e a Vulcan assumiu as minas de Moatize o preço daquela matéria estava alto. O entendimento da CTA é que a Vulcan está mais preocupada com os lucros, independentemente do modo legal ou ilegal de os obter.

“Temos recebido relatos de que quando a Vulcan lança um concurso e uma determinada empresa ganha, depois sofre pressão para baixar o preço antes de assinar o contrato, mesmo depois de se fazer todo o processo de licitação, sob risco de perder o negócio para uma outra. Além disso, a Vulcan e outras empresas não respeitam as pequenas e médias empresas fornecedoras”, revelou Eduardo Sengo.

A CTA não avançou o número de empresas afetadas por esse comportamento da Vulcan, apesar de serem de várias áreas. A CTA lamenta a inércia do Governo perante a situação por não criar condições de serem cumpridos os objetivos para as PMEs nos seus negócios. “O que temos notado é que quando há uma grande operadora que vem para o país operar, se é sul-africana, são contratados fornecedores sul-africanos e, quando é indiana, são privilegiadas empresas indianas. O Governo deve olhar para isto”, afirmou, agastado.

Aurélio Sambo – Correspondente 

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