O ex-diretor da Inteligência Económica dos Serviços de Informações e Segurança do Estado (SISE) de Moçambique, António Carlos do Rosário, foi outro dos arguidos no processo das “dívidas ocultas” que mencionou o nome do atual Presidente da República, Filipe Nyusi, em julgamento.
Segundo o réu, que era Presidente do Conselho da Administração das três empresas [PROINDICUS, EMATUM e MAM] envolvidas neste caso polémico, Nyusi recomendou a contração de parte das “dívidas ocultas” no Credit Suisse. A declaração aconteceu na passada sexta-feira, 08 de outubro, em tribunal.
“Eu peço para pedir ao meu advogado para juntar aos autos a carta do então ministro da Defesa [Filipe Nyusi], se é que não existe nos autos, ao ministro das Finanças, indicando que foi identificado o Credit Suisse e que solicita a emissão de garantias”, disse na audiência.
A afirmação surgiu em resposta a uma pergunta do Ministério Público sobre a entidade que pediu ao então ministro das Finanças, Manuel Chang, a emissão de garantias que deram cobertura à mobilização das “dívidas ocultas”.
“Eu pensei que já houvesse esses documentos [sobre a solicitação de Filipe Nyusi] nos autos, porque eu me lembro de terem sido entregues ao Ministério Público antes de eu ser preso”, acrescentou.
Recorde-se que as “dívidas ocultas” foram contraídas entre 2013 e 2014 junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas PROINDICUS, EMATUM e MAM. Os empréstimos foram secretamente autorizados pelo Governo da Frelimo, liderado pelo então Presidente da República Armando Guebuza, sem o conhecimento do Parlamento e do Tribunal Administrativo.