Após o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, José Pacheco, ter afirmado que o Governo já tinha integrado 400 homens da Renamo nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o partido mencionado vieram a público desmentir a declaração.
A Renamo chamou a imprensa esta terça-feira, 12 de março, para esclarecer que o ministro mentiu. “Nós queremos que o ministro Pacheco nos esclareça, com carácter de urgência, dada a sensibilidade desta matéria, onde foi buscar esse número de 400 oficiais”, exigiu o chefe da equipa na Comissão dos Assuntos Militares do partido, André Magibire.
A formação política explicou os passos que já foram dados em cumprimento do memorando de entendimento acordado pelo Chefe de Estado e pelo líder da Renamo, Ossufo Momade. “Já foram enquadrados nos lugares de comando e de chefia 14 oficiais da Renamo, nomeadamente três chefes de departamentos do Estado-Maior General; quatro chefes de repartições do Estado-Maior do ramo do Exército; um comandante de Brigada; dois comandantes de Batalhões Independentes; dois chefes de Estado-Maior de Brigadas; e dois chefes de Estado-Maior de Batalhões Independentes”, enumerou.
Também o Presidente moçambicano veio distanciar-se dos pronunciamentos do ministro, confirmando a integração de apenas 14 oficiais do maior partido da oposição no país. Nyusi salientou que os homens a quem José Pacheco se refere são os desmobilizados do último curso extraordinário de agentes especiais e não da Renamo.
O governante sublinhou ainda que o processo de reintegração dos homens residuais da Renamo está a registar alguns avanços, mas reconheceu que existem algumas dificuldades, que com o tempo poderão ser ultrapassadas. As declarações foram feitas esta terça-feira, 12, em Maputo, à margem da habitual conferência de imprensa do Conselho de Ministros.
Recorde-se que foi no encontro de segunda-feira, 11, com a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, que o chefe da diplomacia moçambicana revelou que 400 homens da Renamo já tinham sido integrados nas Forças Armadas, no âmbito do processo de desarmamento, desmobilização e reintegração social da força residual da Renamo.
José Pacheco fez esta revelação quando procurava mostrar ao Executivo português que Moçambique está determinado a resolver a questão da paz efetiva e que havia condições para uma cooperação entre os dois países.