O Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD), uma Organização não Governamental (ONG) com sede em Moçambique, sugeriu ao Presidente da República, Filipe Nyusi, nesta segunda-feira, 06 de abril, que o Executivo fosse buscar o valor das dívidas ocultas para financiar ações de proteção social às empresas e famílias durante o combate à Covid-19.
“O CDD aconselha o Presidente a ir buscar o dinheiro das dívidas ocultas para financiar as ações necessárias para a proteção social das empresas e das famílias moçambicanas durante este período de grandes dificuldades económicas”, pode ler-se numa nota divulgada.
A organização mencionou assim as dívidas ocultas do Estado, cujo valor ultrapassa os 2,2 mil milhões de dólares (2 mil milhões de euros). Estas foram contraídas ilegalmente, entre 2013 a 2014, em forma de crédito junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.
Tal contribuiu para o aumento da crise financeira do país, que, por ter entrado em incumprimento no pagamento aos credores internacionais (‘default’), acabou por ser afastado dos mercados financeiros internacionais.
A CDD afirmou que o valor das dívidas ocultas poderia ser agora aplicado na compra de alimentos, medicamentos e produtos de limpeza, elementos necessários para que a sociedade cumpra o isolamento social proposto pelas autoridades face à propagação da Covid-19.
O Estado “pode e deve ir buscar esse dinheiro nas pessoas que o roubaram e devolvê-lo ao povo, que é o legítimo dono”, defende.
Até ao momento existem, oficialmente, dez casos em Moçambique.