A Confederação das Associações económicas de Moçambique manteve um encontro com o embaixador da Rússia em Maputo, Alexander Surikov, onde o diplomata manifestou a disponibilidade da Rússia estabelecer um intercâmbio directo com as empresas moçambicanas para a importação de combustíveis, cereais, fertilizantes, entre outros de maior necessidade.
O embaixador Alexander Surikov abre as portas do seu país a Moçambique na facilitação de importação de produtos como combustíveis, recorrendo ao pagamento através da moeda das duas nações “O Rublo e o Metical são dignas divisas que podem ser usadas”.
“A Rússia está aberta para fornecer a Moçambique tanto cereais, como fertilizantes e outras maquinas que necessitam para a vossa industrialização”, referiu também o embaixador.
Esta nova página aberta nas relações comerciais entre os dois países poderá contribuir para melhorar a situação económica de Moçambique, assegura Eduardo Sengo, vice-presidente da Confederação das Associações económicas, CTA. “Neste momento, o grande canal para o aumento do custo de vida no mercado é o combustível e não os outros produtos. Portanto, é o combustível, porque o preço está a subir e a partir daí afecta o custo de transporte, o custo de produção e de vários produtos”, vincou Eduardo Sengo.
Entretanto, as Alfândegas de Moçambique recuaram numa ordem de serviço que dava provimento a solicitação das autoridades dos EUA para interdição nos portos moçambicanos a sete companhias marítimas e 69 navios russos, alvo de sanções.
“Para o conhecimento geral de todos os funcionários destes serviços, despachantes aduaneiros e demais interessados, comunica-se que a Ordem de Serviço n.º 16/AT/DGA/900/2022, de 18 de agosto de 2022, fica sem efeito”, lê-se no documento, assinado pelo diretor-geral das Alfândegas, Aturai Tsama, a 26 de Agosto de 2022, oito dias depois da ordem de serviço que divulgou a solicitação das autoridades norte-americanas.
No pedido, os Estados Unidos solicitavam ao governo de Moçambique recusar o acesso aos portos nacionais bem como a não prestação de serviços por parte da indústria marítima e financeira a sete companhias marítimas e 69 navios da federação russa alvo de sanções adotadas pelos EUA, alegadamente “envolvidas em atividades nocivas e associadas à invasão russa da Ucrânia”.
As alfândegas decidiram emitir a ordem de serviço a proibir a entrada de navios russos nas águas territoriais, após receberem um ofício do Ministério dos Transportes e Comunicações, por sua vez enviado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicano. A ordem foi emitida, mas dias depois foi anulada, em linha com a posição de neutralidade moçambicana no conflito.
De referir que Moçambique tem-se pautado por uma posição de neutralidade no conflito Rússia-Ucrânia, tem apelado ao diálogo e absteve-se na votação na Assembleia Geral das Nações Unidas que condenou a guerra movida por Moscovo.
Aurelio Sambo – Correspondente