Durante uma audição na subcomissão de Segurança e Defesa do Parlamento Europeu, quarta-feira, 26 de Janeiro, o vice-almirante Hervé Bléjean, diretor da Capacidade Militar de Planeamento e Condução da missão militar da UE (EUTM) em Moçambique, referiu que o Ruanda solicitou “um maior apoio financeiro” à União Europeia e que o chefe da diplomacia europeia “está bastante determinado a responder favoravelmente”.
“Recentemente, a 9 de janeiro de 2022, teve lugar uma reunião de defesa e segurança entre Moçambique e o Ruanda, na qual o Ruanda recebeu um pedido dos moçambicanos para continuar o seu apoio contra o terrorismo. Parte da negociação foi uma oferta de formação em exercício a ser fornecida às tropas destacadas na província de Cabo Delgado”, disse Bléjean.
“Nesta fase não se conhecem pormenores precisos, mas isto pode ser positivo e complementar aos esforços de formação de EUTM e confirma a necessidade de coordenação entre Moçambique e as forças ruandesas, que também se aproximaram da UE para um maior apoio financeiro através do Mecanismo de Apoio à Paz Europeu”, prosseguiu.
O vice-almirante acrescentou que o alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, “está bastante determinado a responder favoravelmente” ao pedido do Ruanda, que tem cerca de mil homens no terreno, e que liderou, em conjunto com militares moçambicanos, a reconquista de praças-fortes dos rebeldes islâmicos, começando por Palma.
Por outro lado, o responsável da missão europeia advertiu para o crescente interesse da Rússia na região, exemplificando com uma “propaganda sobre a presença do grupo Wagner no Cabo Delgado”, mas, revelou, “até ao momento não há mercenários do Wagner em Moçambique”, e mencionou também a cooperação no setor da Defesa entre Moscovo e Maputo. “Portanto, temos de ter cuidado”, disse.
Aquela que é a primeira missão militar da UE em Moçambique, dedicada a treinar tropas para enfrentar a insurgência armada em Cabo Delgado, arrancou no início de novembro passado e é comandada por Hervé Bléjean e, no terreno, a direção operacional cabe ao brigadeiro-general português Nuno Lemos Pires.
Aurelio Sambo – Correspondente