Uma franja da população santomense sente-se desconfortável com a suposta participação do primeiro-ministro, Patrice Trovoada, na coroação do Rei Charles III, no dia 6. Nenhum representante de São Tomé e Príncipe aparece na lista de convidados divulgada pela organização das cerimónias.
Questionado pela imprensa local, o presidente da República afirmou não ter recebido qualquer convite para participar no evento. “Eu não me fiz representar porque não me chegou qualquer convite para representar São Tomé e Príncipe naquele evento. E não tendo recebido convite oficial não ficaria bem fazer-me representar”
“Essas coisas são protocolares, há ordens e procedimentos a respeitar e eu não poderia fazer isso aos santomenses sem que de facto tivesse recebido oficialmente o convite para lá estar”, acrescentou Carlos Vila Nova.
O primeiro-ministro, ao regressar ao país, desvalorizou a polémica. “Não vou comentar uma declaração que eu próprio não sei o contexto (…) Todas as terças-feiras temos um encontro e poderei saber melhor em que contexto”.
Sobre a indicação do seu nome na lista de convidados, Patrice Trovoada respondeu: “Não vejo muito interesse estarmos aqui a comentar coisas que não sei. Se há uma lista de dois mil convidados, fala-se de 500 convidados, … se as pessoas estavam sentadas à direita e sentadas à esquerda…. são questões para mim que não são relevantes. Temos muitas coisas para nos preocuparmos”.
O chefe do governo acrescentou que “o importante é que estivemos lá” e que durante a sua permanência em Londres avistou-se com várias delegações de países amigos e da CPLP, como com os Presidentes do Brasil e de Angola, com os quais abordou, entre outros assuntos, a próxima cimeira da organização a ter lugar na capital santomense.
Antes de deixar o país, Trovoada reiterou a intenção do governo de abrir uma embaixada na Inglaterra, até o final do mandato. Para tal, “resta encontrar com as autoridades britânicas um quadro propício para os nossos emigrantes sintam mais próximos de São Tomé e Príncipe”.
Por outro lado, defende que o arquipélago deve ter uma verdadeira política de emigração.
“O perfil da nossa diáspora está a mudar bastante, nos últimos anos, demonstrando que o país precisa utilizar mecanismos através da banca e dos incentivos no âmbito das remessas dos emigrantes”, justificou.
Tem igualmente chamado a atenção o número de viagens ao exterior já realizadas pelo chefe do governo desde a sua entrada em funções, há cerca de seis meses, quando reclama a grave situação financeira do país.