Portugal: Deputado Flávio Martins defende necessidade de “união” em prol das comunidades portuguesas

Flávio Martins, que até bem pouco tempo era presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CP-CCP), assumiu, há alguns meses, a vaga de deputado na Assembleia da República portuguesa, pela emigração pelo círculo de Fora da Europa.

Uma condição que surgiu depois que José Cesário, eleito por esse mesmo círculo eleitoral, foi nomeado para a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, resultando na “convocação” de Flávio Martins, suplente de José Cesário, para assumir o posto de deputado deixado “vago” pelas novas funções de Cesário.

Em entrevista à nossa reportagem, ainda no Rio de Janeiro, onde foi homenageado pela comunidade portuguesa, este deputado falou sobre o “momento de união”, pelo que se mostra expectante: “A minha esperança é que, independentemente da cor partidária, pretendo que as pessoas entendam que Portugal, seja para aqueles que vivem em Portugal ou para aqueles, como é o nosso caso, que vivemos fora de Portugal, nesse momento é de união”.


Flávio, como é que está esse sentimento e o que espera ao chegar ao hemiciclo e encontrar uma configuração diferente do que está acostumado?

Em primeiro lugar, agradeço a confiança que os eleitores na nossa área, fora da Europa, tiveram na Aliança Democrática. Foi a vencedora. Não conseguimos eleger os dois deputados, mas o professor José Cesário foi eleito. Com a ida dele para o governo, agora assumo, não sei até quando, mas assumirei por tempo indeterminado a cadeira pertinente aqui à nossa área.

O sentimento é de muita responsabilidade, porque, apesar de eu conhecer a casa e já ter alguns contactos, a verdade é que eu agora vou para a Assembleia da República como deputado e não mais como um conselheiro das comunidades portuguesas. O que, evidentemente, será uma experiência nova, inusitada, que eu espero corresponder e trabalhar com muita dedicação, muita seriedade, muita responsabilidade, de modo a que a gente possa estabelecer não apenas um bom contacto com o nosso grupo parlamentar, mas também com outros partidos políticos que queiram aprovar medidas que beneficiem as nossas comunidades, mas também procurar realizar lá um trabalho que dignifique as comunidades para que as pessoas percebam e reconheçam que, afinal, ali está alguém que veio das comunidades, cuja origem são as comunidades.

E é isso que eu espero, ainda um pouco apreensivo, porque há poucos dias soube dessa possibilidade e, agora, a partir dos próximos dias, deverei estar em Portugal para realizar essa tarefa.

Uma oportunidade que surge depois que o deputado eleito na vaga titular José Cesário assume como secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Aliás, essa é uma vantagem do trabalho que vai ter, esse trabalho duplo de proximidade com as comunidades. O que pode adiantar nesse sentido? 

Acho que será positivo. Primeiro, porque o Secretário das Comunidades é alguém que já tem uma grande experiência. É a terceira vez que ele assume o secretariado. Ele também é uma pessoa que conhece bastante e com a qual tenho boa proximidade. Acho também que será importante pela experiência que eu já posso levar acumulada desses anos de CCP e também porque terei lá algumas pessoas dentro do PSD ou mesmo em outros partidos que eu sei que têm interesse e são conhecedoras também dos problemas das nossas comunidades. E eu espero que elas também possam agregar, e também levar adiante propostas que dignifiquem, que deem um maior valor às nossas comunidades.

Para tal, primeiro, você precisa ouvir mais do que falar; segundo, que o diálogo permanente ele é extremamente importante porque, às vezes, a minha ideia pode ser uma ideia boa, mas não será melhor. Então, acho que é nessa produção, nessa atividade parlamentar, que vamos tendo a possibilidade de crescer, dialogando com o atual governo. Evidentemente, eu estarei na base de apoio do atual governo, mas, se fosse outro, acho que qualquer proposta que venha como positiva para as comunidades será bem recebida.

E a minha esperança é que, independentemente da cor partidária, pretendo que as pessoas entendam que Portugal, seja para aqueles que vivem em Portugal ou para aqueles, como é o nosso caso, que vivemos fora de Portugal, nesse momento é de união. É de união, de trabalho sério, para que nós possamos caminhar e caminhar para frente, caminhar para o positivo.

Eu acredito que nós conseguiremos isso, se não com todos, pelo menos com a maioria, até porque, uma outra, digamos, experiência que eu levo é de ter dialogado com pessoas dos mais variados partidos e grupos parlamentares. Pelo simples facto de nós podermos dialogar, acho que isso por si só já será um avanço. Já é uma vantagem.

Ígor Lopes

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