O ex-administrador de transportes de Luanda, Abel Cosme, vai ser extraditado pela Justiça portuguesa. O visado fugiu para Portugal para tratar, alegadamente, de problemas cardíacos.
Cosme tem sido procurado pela Interpol por suspeitas de desvio de dinheiros públicos. Trata-se de um crime que pode custar até 16 anos de prisão ao antigo presidente do conselho de administração da empresa Transporte Coletivo Urbano de Luanda.
Na altura em que Abel Cosme desapareceu de Luanda, capital angolana, o ministro dos Transportes colocou um anúncio no jornal a pedir-lhe para se apresentar no ministério para tratar de assuntos do seu interesse. Isto aconteceu em janeiro de 2019, tendo sido dado oito dias a Cosme para aparecer, depois de já não ser visto no serviço há três meses.
A altura do desaparecimento coincidiu com o facto de ter sido constituído arguido pela Procuradoria-Geral da República de Angola num processo relacionado com desvio de fundos de um organismo tutelado por aquele ministério, o Conselho Nacional de Carregadores, por suspeita da prática de branqueamento de capitais, corrupção, peculato e associação criminosa.
Uma vez que o ministro dos Transportes não obteve resposta ao anúncio no jornal, Luanda apelou à cooperação internacional. Apenas dois anos depois, em janeiro de 2020, a Polícia Judiciária encontrou Abel Cosme, entretanto já procurado pela Interpol, numa casa que este tinha na região de Lisboa, capital portuguesa.
Caso não se conforme com esta ordem de regresso a Luanda, Cosme tem alguns mecanismos legais à sua disposição para a contestar.