Um dos maiores partidos de São Tomé e Príncipe, MLSTP, actualmente no poder, vai avançar para as eleições directas para eleger o seu candidato às presidenciais de Outubro de 2021 em São Tomé e Príncipe.
O facto foi anunciado por Raul Cardoso, porta-voz da reunião do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe que concluiu seus trabalhos, na quinta de Guilherme Octaviano, na localidade de Pinheira, no distrito de Cantagalo, na Ilha de São Tomé.
O MLSTP vai criar uma comissão para as eleições “Primárias” no conselho nacional. Para tal, segundo Cardoso, por recomendação da Comissão Política, estrutura que reúne no intervalo do Conselho Nacional, vai ser criar uma Comissão de Coordenação e Recolha de candidaturas dos membros deste partido que se julgam com competências para assumir os destinos de São Tomé e Príncipe.
A propósito, sem referir um mecanismo do partido dos ‘’camaradas’’ para identificar um candidato ao pleito, Raul Cardoso adiantou que medidas vão ser viabilizadas de imediato para se viabilizar o tal candidato do MLSTP que vai concorrer as eleições presidenciais de 2021.
Sabe- se que após a reunião que teve lugar no último dia 8, algumas figuras já se perfilham para a tal corrida presidencial, que, além de quadros seniores do MLSTP, vai igualmente contar com a comparticipação de figuras dos outros partidos, incluindo alguns independentes.
Fontes partidárias contactadas pelo e-global, disseram que o partido com sede central no bairro do Riboque, da cidade de São Tomé, vai, optar por eleições internas, ao qual também de apelida de ‘’directas’’, para a escolha do elemento do MLSTP que vai discutir o pleito em nome e com apoio político deste partido histórico de São Tomé e Príncipe.
Raul Cardoso, na abordagem à imprensa, não mencionou qualquer nome disponível para a corrida presidencial.
É vulgar ouvir- se que alguns quadros deste partido da Independência se prontificam para o acto. Porém, muitos destes candidatos sabem, igualmente, que concorrer sem apoio político partidário será uma aventura.
Assim, alguns vão – se acotovelando para que o MLSTP, através de sua Comissão Política, viabilize as suas candidaturas para as chamadas eleições ‘’directas’’ ou ‘’primárias’’, ou seja eleições internas feitas pelos mais de 300 membros do Conselho Nacional MLSTP, uma estrutura do partido que não se reúne há mais de 12 meses. Alguns militantes evocam que a sua não realização põe em causa a própria estrutura, de acordo com os Estatutos do MLSTP.
Posser da Costa, Rafael Branco, Maria das Neves, Elsa Pinto, Victor Monteiro e Delfim Neves como principais candidatos
No âmbito deste processo, sabe-se que dos candidatos às presidenciais, do qual se enquadram nas fileiras do MLSTP podem chegar até cinco pré-candidatos.
Assim, pontuam algumas figuras como por exemplo os ex-primeiro-ministros Guilherme Posser da Costa (formado em Direito), Maria das Neves (formada em macroeconomia) e Rafael Branco, formado em Diplomacia e ex-secretário executivo adjunto da CPLP.
Ainda nesta lista de pré-candidatos, realça-se igualmente, Elsa Pinto, ex-líder do braço feminino do MLSTP em Água Grande, actual Ministra dos Negócios Estrangeiros e formada em Direito, o Tenente-Coronel na reforma Victor Monteiro, Deputado e formado em ciências militares em Cuba.
Entretanto, ainda no que toca as eleições presenciais, regista-se um movimento inusitado nos bastidores com vista a uma eventual candidatura de Delfim Neves, actual Presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), que poderá ser uma candidatura de peso e incontornável na cena política São-Tomense, contando ainda com auxílio político dos militantes do Partido da Convergência Democrática, PCD.
Delfim Neves, recorde – se, tal como Elsa Pinto já experimentaram as presidenciais em 2011. Porém, Delfim Neves, na circunstância, caiu em 14%, à frente de Elsa Pinto que reuniu 4% de votos, enquanto que Maria das Neves recolheu 14%. Essas eleições foram ganhas por Manuel Pinto da Costa com 52% contra 47% de Evaristo Carvalho.
Para o efeito, sabe-se que Delfim Neves já deu alguns passos nesse sentido, o qual compreendeu a petição de apoio político de alguns partidos da actual coligação Governamental.
Delfim Neves terá solicitado apoio político ao líder do MLSTP, Jorge Bom Jesus, o qual prometeu a este político levar o caso à reunião de Comissão Política que, em Pinheira, terá ‘’chumbado’’ tal pedido, uma vez que, segundo fontes partidárias, o MLSTP prefere apresentar o seu próprio candidato em vez de um elemento sustentado pela actual Coligação no Poder.
Nestas eleições de 2021, coloca – se também a questão de incompatibilidade dos prováveis candidatos, havendo vozes que defendem que Delfim Neves e Elsa Pinto devem se desvincular dos cargos estatais que agora ocupam.
Recorde-se que Elsa Teixeira Pinto é chefe da diplomacia de São Tomé e Príncipe há sensivelmente um ano, mesmo período em que Delfim Neves foi eleito pela Assembleia Nacional Presidente deste organismo legislativo do país.
Pinto da Costa atrapalha e Eugénio Tiny e José Cardoso Cassandra ponderam avançar para o pleito como independente
Para complicar ainda mais a vida do MLSTP, há vozes que falam em privado num eventual surgimento do ‘’Velho Leão’’ Manuel Pinto da Costa.
E para sustentar tais hipóteses, estes apoiantes e admiradores do líder histórico acreditam que as recentes críticas à alegada inoperância de estruturas do MLSTP e a aparição de Manuel Pinto da Costa nos ‘’Luchans’’ em jogo de cartas/bisca 61, pode indiciar designadamente movimentação do velho líder com o eleitorado, o qual poderá dar lugar a uma provável candidatura as presidenciais de 2021.
A situação torna-se mais nublosa para os pré-candidatos do MLSTP porque estes têm consciência e reconhecem a influência e carisma de Manuel Pinto da Costa no interior do partido que fundou e que garantiu, a Independência Nacional a São Tomé e Príncipe.
No histórico das eleições presidenciais no país, o MLSTP nunca elegeu um seu candidato para a chefia de Estado. Ainda persiste o sonho dos fiéis do MLSTP de ter, um Presidente, uma maioria, um Governo e um Parlamento.
Nas eleições de 2016, o MLSTP avançou com seu ex-líder, Aurélio Martins que se traduziu num autêntico fiasco reunindo cerca de 4% de votos diante de Manuel Pinto da Costa.
Mantém-se a incógnita quanto à recandidatura de Evaristo Carvalho às presidenciais de 2021
E como não há duas sem três, mantém – se a incógnita quanto a recandidatura de Evaristo Carvalho a sua própria sucessão. A questão tem sido objecto de discussão, no seio do ADI, partido onde o chefe de Estado era Vice-Presidente.
Porém, o problema é a divisão que marca as duas Alas, nomeadamente, a Ala de Agostinho Fernandes e de Patrice Trovoada. Além disso, se é verdade que se equaciona a hipótese de uma candidatura de Evaristo Carvalho coloca-se, nos bastidores do ADI a eficácia desse projecto político conducente a uma eventual reeleição. E caso não for eficaz, fontes contactadas pontuaram, que ‘’ é melhor esquecer [Evaristo Carvalho] e avançarmos para um projecto [um candidato] de sucesso’’, disse a fonte.
Ainda neste rol de pré-candidatos, convinha sublinhar que Eugénio Tiny, ex-presidente da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe, anunciou, a sua intenção de candidatar as eleições presidenciais no país.
Eugénio Tiny e Tozé Cassandra ponderam candidatura como independentes
Para Eugénio Tiny, em declarações à emissora portuguesa RDP-África tratar – se-á de um desígnio nacional, para o qual este político e cidadão nacional ‘’se sente no dever de dar a sua contribuição no desenvolvimento de São Tomé e Príncipe como um exercício de cidadania’’.
Tiny, hoje professor Universitário, é um dirigente político afecto ao MDFM, Movimento Democrático das Forças da Mudança, e recorde-se foi a partir deste partido político que ascendeu a liderança da Assembleia Nacional, órgão equivalente a segunda figura de Estado de São Tomé e Príncipe.
Se é verdade que se admite a hipótese de Eugénio Tiny concorrer ao pleito como independente, a mesma situação se coloca relativamente a uma eventual pré-candidatura de José Carlos Cassandra, actual líder do governo da Ilha do Príncipe, que terá a chancela da União para a Mudança e Progresso do Príncipe, UMPP, um partido politico regional.